"Ao passo que as moratórias de crédito são uma solução para o potencial 'stress' de curto prazo da liquidez dos devedores, elas mascaram riscos de médio-prazo para a qualidade dos ativos dos bancos", pode ler-se num relatório da Fitch sobre o sul da Europa, que foi hoje divulgado.
De acordo com o documento, a utilização de moratórias é maior onde há "pouco ou nenhum recurso a empréstimos com garantias do Estado, como no Chipre, Grécia e Portugal".
Segundo a agência de notação financeira, "os bancos do sul da Europa usaram, em geral, mais moratórias de crédito e outros esquemas de suporte que os bancos noutras partes da Europa".
A Fitch adianta que esta situação é atribuível a vários fatores, como a ligação das economias ao turismo, ou "a ligação das economias às pequenas e médias empresas, que tendem a ser mais vulneráveis que os grandes empregadores aos choques económicos".
"A dívida do setor privado permanece particularmente alta em Chipre e Portugal, tornando os devedores mais vulneráveis a quebras", aponta também a Fitch no documento.
No entanto, em Chipre e na Grécia "as moratórias colocam riscos adicionais" aos bancos, dado que "a cultura de pagamento é mais fraca que no resto do sul da Europa".
Em toda a União Europeia (UE), "as moratórias representaram mesmo menos de 10% do total dos empréstimos do setor bancário no final de junho de 2020, de acordo com a Autoridade Bancária Europeia (EBA)", segundo o documento.
No entanto, "as proporções em Chipre, Grécia, Itália e Portugal são maiores", ao passo que em Espanha "a proporção é menor devido ao maior uso de empréstimos garantidos pelo Estado ao invés de moratórias para apoiar os devedores".
A Fitch considera ainda que as moratórias devem recuar em 2021 no sul da Europa, mas "o uso de moratórias adicionais não pode ser excluído" para os bancos da região.