Aproxima-se o Ano Novo e, como é habitual, muitos já fazem contas ao que vão gastar (ou poupar) em 2021. O Notícias ao Minuto preparou um guia com as principais alterações aos preços desde o do pão, passando pelo do leite e do tabaco, até às rendas e à fatura da eletricidade.
- Pão poderá custar mais em 2021 com aumento do salário mínimo e do preço da farinha
O pão poderá ficar mais caro em 2021, refletindo o aumento do custo da matéria-prima e a subida do salário mínimo, perspetivou a indústria da panificação, ressalvando que o peso e preço deste produto são livres.
Olhando para a situação económica e financeira do país, na medida que se fala no aumento do salário mínimo nacional para 2021 e no aumento gradual do preço das matérias-primas, podemos perspetivar que isso será refletido no preço do pão", adiantou a Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares (ACIP), em resposta à Lusa.
No entanto, a ACIP ressalvou que cabe a cada empresa tomar esta decisão, tendo em conta que "o preço e o peso do pão são livres", acrescentando que a pandemia forçou as empresas do setor a otimizar os seus processos para terem produções mais eficientes e com menos desperdício.
- Preço do leite não deve mexer em 2021
O preço do leite não deve mexer no início de 2021, adiantou a Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac), ao ECO. No entanto, o aumento do salário mínimo e a subida que se tem verificado das cotações das matérias-primas para alimentação animal podem constituir-se como fatores de pressão para uma subida dos preços.
Ainda assim, a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) defendeu o aumento do preço do leite ao produtor, num ano em que continuaram a trabalhar apesar da pandemia, mas em que o preço ficou abaixo da média europeia.
- Tabaco aumenta 10 cêntimos por maço
O preço do maço de tabaco deve aumentar 10 cêntimos em 2021, de acordo com as contas da consultora Deloitte, tendo por base a proposta de Orçamento do Estado para 2021 (OE2021).
Segundo a análise da Deloitte, no próximo ano, será "alterada a fórmula de cálculo do IT [imposto sobre o tabaco], a qual passa a considerar o preço médio ponderado dos cigarros introduzidos no consumo entre o dia 01 de dezembro do ano n-2 [2019] e o dia 30 de novembro do ano n-1 [2020]".
A consultora conclui assim que "esta alteração implica um aumento do imposto em cerca de 0,05 euros por cada maço de cigarros, o que, previsivelmente, corresponderá a um aumento de 0,10 euros no preço de venda ao público do mesmo maço".
- Terminam as linhas de valor acrescentado no apoio ao cliente
Os deputados aprovaram uma proposta do PAN que impede a utilização de linhas de valor acrescentado como única forma de contacto entre os consumidores e as empresas prestadoras de serviços, nomeadamente de contratos de seguro e serviços financeiros.
Em causa está uma medida que passa a impedir os fornecedores de bens e prestadores de serviços de disponibilizar "números especiais de valor acrescentado com o prefixo '7', para contacto telefónico dos consumidores ou clientes" ou "apenas números especiais, números nómadas com o prefixo '30', ou números azuis com o prefixo '808'" para contacto telefónico dos consumidores ou clientes.
- Rendas mantêm-se no próximo ano
Se mora em casa arrendada, esta é uma boa notícia. A taxa de inflação foi nula em agosto, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o que quer dizer que a inflação ditará que as rendas se vão manter no próximo ano. A variação média do Índice de Preços do Consumidor (IPC) dos últimos 12 meses, excluindo habitação, foi de -0,03%.
Por lei, os valores das rendas estão em geral sujeitos a atualizações anuais que se aplicam de forma automática em função da inflação. O Novo Regime do Arrendamento Urbano (NRAU) estipula que o INE é que tem a responsabilidade de apurar o coeficiente de atualização de rendas, tendo este de constar de um aviso a publicar em Diário da República até 30 de outubro de cada ano para se tornar efetivo.
No ano passado, sublinhe-se, a atualização ditou um aumento de 0,51% no valor das rendas, crescimento já menos pronunciado do que o do ano anterior (1,15%).
- Famílias podem poupar até 30 euros por ano na fatura da luz
Segundo simulações da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), o efeito combinado da redução de 0,6% nas tarifas em 2021 e do IVA a 13% permite poupar entre 20 e 30 euros por ano na fatura de eletricidade.
O preço da eletricidade para os clientes finais em baixa tensão vai descer 0,6% no próximo ano, anunciou a ERSE, depois de em outubro ter proposto que as tarifas ficassem inalteradas.
Em comunicado, o regulador adiantou que "para os consumidores que permaneçam no mercado regulado (cerca de 5% do consumo total e menos de 1 milhão de clientes) ou que, estando no mercado livre, tenham optado por tarifa equiparada, a variação das tarifas de venda a clientes finais em baixa tensão normal (BTN) é de -0,6%".
- Preços das portagens vão manter-se
Os preços das portagens nas autoestradas deverão voltar a manter-se em 2021, tendo em conta que a taxa de inflação homóloga, sem habitação, em outubro foi negativa (-0,17%).
A fórmula que estabelece a forma como é calculado o aumento do preço das portagens em cada ano estabelece que a variação a praticar em cada ano tem como referência a taxa de inflação homóloga sem habitação no continente verificada no último mês para o qual haja dados disponíveis antes de 15 de novembro, data limite para os concessionários comunicarem ao Governo as suas propostas de preços para o ano seguinte.
A estabilização dos preços das portagens em 2020 e 2021 segue-se a quatro anos consecutivos de subidas: em 2019 as portagens nas autoestradas aumentaram 0,98%, depois de aumentos de 1,42% em 2018, de 0,84% em 2017 e de 0,62% em 2016.
- E os dos transportes públicos também
Os preços do transporte público coletivo de passageiros vão manter-se inalterados em 2021, de acordo com a informação divulgada pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT).
Os preços das viagens no Alfa Pendular são uma exceção ao aumentarem 0,5% a partir de 01 de janeiro.
Assim, por exemplo, uma viagem no Alfa Pendular só de ida entre Lisboa e Braga, passará de 48,50 euros (em classe conforto) e 34,20 euros (turística), para 48,80 euros e 34,40 euros, respetivamente.
- E as telecomunicações?
A NOS não vai atualizar os preços em 2021, segundo adiantou à Lusa fonte oficial da operadora, enquanto a Vodafone disse à Lusa que "à semelhança do que aconteceu no ano passado, não estão previstos aumentos generalizados de preços".
A MEO adianta que procederá a uma atualização de preço base de mensalidade em tarifários/pacotes, com efeitos a 1 de janeiro de 2021, de acordo com o previsto contratualmente, sendo que os clientes abrangidos foram devida e atempadamente informados.
[Notícia atualizada às 9h44.]