Francisco Rodrigues dos Santos esteve hoje reunido com o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, na sede do CDS-PP, em Lisboa.
Em declarações aos jornalistas no final da reunião, o líder centrista afirmou que "consta dentro do meio hospitalar" que hoje serão batidos "todos os recordes de mortalidade por 24 horas", provocada pelo novo coronavírus.
"Assume-se até que vamos ultrapassar as duas centenas de mortos", salientou Francisco Rodrigues dos Santos, frisando que, "perante estes dados que são verdadeiramente alarmantes, dramáticos, é necessário tomar medidas".
Sobre a atualização das medidas de combate à pandemia decretadas pelo Governo, e anunciadas na segunda-feira, o presidente centrista queria que o executivo tivesse ido mais longe, desde logo encerrando as escolas para alunos acima dos 12 anos.
"As medidas anunciadas pelo primeiro-ministro são insuficientes e mostram que o Governo continua a brincar com o fogo, abrindo exceções acima de exceções", criticou o democrata-cristão, acusando o primeiro-ministro de ser "irritantemente teimoso", de estar "mais preocupado com a popularidade" e de não ter "capacidade de liderança para impor as medidas que o país precisa".
Para o CDS-PP, é necessário "maximizar os esforços deste confinamento" para achatar a curva dos contágios e controlar as cadeias de transmissão do vírus, o que passa por "um confinamento a sério e o encerramento das escolas acima dos 12 anos", comparando as novas medidas a "uma meia dose de antibiótico".
No que toca às escolas, Rodrigues dos Santos considerou que o seu encerramento é uma "medida que se impõe", e será "bastante eficaz para conter a propagação do vírus".
Fazendo um paralelo com o início da pandemia em Portugal, o líder do CDS notou entre os 12 e os 17 anos é "a terceira" faixa etária com "maior número de incidências e que o perigo de transmissão do novo coronavírus atualmente "é 10 vezes superior aquela que acontecia, por exemplo, em março", sublinhando que na altura uma das primeiras medidas a ser tomada foi suspender as aulas presenciais.
Ressalvando que dentro da sala de aula, os alunos podem "considerar-se relativamente seguros", o presidente do CDS-PP defendeu que "antes e depois das aulas esse ambiente de segurança não se verifica" e a escola gera também um fluxo de circulação "na casa dos dois milhões", que podem constituir "verdadeiros hospedeiros que podem multiplicar e contagiar o resto da comunidade".
O líder centrista pediu também ao Governo que acelere a anunciada distribuição de equipamentos tecnológicos aos alunos, para que possam acompanha as aulas à distância.
Rejeitando que a culpa da evolução da pandemia seja dos cidadãos, que em março "eram considerados heróis", Francisco Rodrigues dos Santos advogou que "se a culpa for dos portugueses, é dos portugueses que estão neste momento no Governo", e antecipou que, se o executivo não for capaz de "antecipar os riscos, planear a resposta à pandemia e coordenar com as diversas entidades o melhor ataque possível à propagação do vírus, existirá naturalmente uma rutura de confiança com os cidadãos", o que pode levar a um desrespeito pelas medidas decretadas ou a uma "cultura de irresponsabilidade social".
Na quarta-feira passada, para responder ao continuo crescimento da epidemia no país, cuja tendência se agravou após o período do Natal, António Costa anunciou um conjunto de medidas que, em linhas gerais, significou um regresso ao quadro de confinamento geral que vigorou entre março e abril do ano passado, com a principal diferença a residir nas escolas, que agora se mantiveram abertas.
Perante um quadro de aumento dos infetados e de internamentos, e de um cenário de rutura do Serviço Nacional de Saúde, na segunda-feira, após uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, o líder do executivo anunciou um novo alargamento das medidas restritivas ao movimento das pessoas, das quais se destacou a proibição de circulação entre concelhos ao fim de semana.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.041.289 mortos resultantes de mais de 95,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 9.028 pessoas dos 556.503 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.