"O setor não está a pedir esmolas ao Governo, mas sim que nos deixe trabalhar cumprindo todas as regras e garantindo a segurança dos agentes e dos seus clientes. Neste momento, considerando que a venda e arrendamento de imóveis com recurso exclusivo a visitas virtuais é absolutamente residual, esta fileira está não só impedida de desenvolver a sua atividade, como o seu CAE [Código de Atividade Económica] não está integrado em medidas como os programas Apoiar", refere a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP).
"De que forma é suposto que estas empresas e seus funcionários consigam ultrapassar as dificuldades impostas pelo confinamento, se não podem trabalhar nem estão enquadradas nos apoios?", questiona o presidente da associação, Luís Lima, citado num comunicado.
Na carta aberta dirigida a Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Pedro Siza Vieira - que a APEMIP diz contar "já com mais de 3.000 signatários" -- pede-se que a atividade seja enquadrada "num regime de exceção que permita aos mediadores imobiliários agendarem visitas presenciais a imóveis, cumprindo todos os protocolos de higiene e segurança implementados pela Direção-Geral de Saúde".
Segundo sustentam, o atual modelo, limitado a visitas virtuais, tem-se traduzido numa "quebra de vendas de quase 100%", sendo ainda "um convite à mediação ilegal e à fragilidade dos cidadãos, uma vez que a casa está intimamente ligada ao curso de vida das pessoas e famílias".
Recordando ao Governo que "a sua classe está absolutamente desprotegida", os agentes imobiliários reclamam "medidas específicas concretas a que as empresas possam recorrer".
"Dependem diretamente do imobiliário cerca de 40.000 pessoas, fora os que dele dependem indiretamente. Em 2019, de um total de investimento imobiliário que ronda os 26.000 milhões de euros, cerca de 19.000 milhões foram garantidos por mediadores imobiliários. Uma classe que representa este tipo de valores e que já demonstrou ser essencial na promoção da dinamização económica nacional merece outro tipo de reconhecimento num período como este", sustenta Luís Lima.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.219.793 mortos resultantes de mais de 102,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 12.482 pessoas dos 720.516 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.