Novo confinamento é uma "preocupação" com riscos orçamentais, diz a Fitch

O novo confinamento implementado devido à evolução da pandemia de covid-19 é uma "preocupação" que apresentará "riscos" para a análise da Fitch ao crescimento económico e à situação orçamental nacional, disseram dois analistas da agência à Lusa.

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Lusa
05/02/2021 08:16 ‧ 05/02/2021 por Lusa

Economia

Fitch

"A evolução da onda atual do vírus é uma preocupação", disse a analista Kit Yeung à Lusa, referindo ainda que essa evolução "apresentará certamente riscos para a nossa linha base de crescimento, bem como para as projeções orçamentais".

A analista crê que o confinamento em vigor "é altamente incerto em termos de longevidade da atual onda, e também depende de quão eficaz é o governo no desenvolvimento do programa de vacinação".

Kit Yeung alertou que a análise da Fitch feita no ano passado, que previa um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,8% para este ano, não "contabilizou a severidade da atual onda nem das restrições".

Por outro lado, o também analista da Fitch Alex Muscatelli referiu que os 4,8% "estão sujeitos a pressões dos dois lados", uma vez que o final do ano de 2020 foi melhor que o antecipado.

A economia portuguesa decresceu 7,6% em 2020, divulgou na terça-feira o INE, apontando ainda para um crescimento de 0,4% entre o terceiro e quarto trimestres do ano passado.

"Certamente que há riscos nas finanças púbilicas, na atividade económica e no crescimento, mas ao mesmo tempo o ponto de partida é um pouco diferente", salientou o analista baseado em Frankfurt, dizendo ainda que existem riscos negativos no curto prazo.

A analista Kit Yeung referiu-se ainda à possível chegada dos fundos europeus, com impacto "particularmente em relação ao potencial de crescimento a médio prazo", algo que está sinalizado pela Fitch como um possível estimulador do 'rating' no sentido positivo.

"É provável que vejamos o uso desses fundos perto do final do ano, caso o plano [de Recuperação e Resiliência] de Portugal seja aprovado dentro do prazo, creio que a meio do ano", referiu.

A analista identificou "a recuperação do mercado de trabalho, a melhoria do capital humano e ao mesmo tempo avanços para setores de maior valor acrescentado" como bons destinos dos fundos.

"Também há talvez a necessidade de melhor investimento no setor da educação, e em Portugal também há um registo particularmente pobre de investimento em infraestruturas", referiu.

Kit Yeung considerou ainda que, para já, o setor financeiro português "não é um risco significativo para o 'rating' soberano", não esperando a Fitch "nenhum apoio do Governo ao setor financeiro.

No entanto, de uma perspetiva do 'rating' do soberano, "o setor financeiro sempre permaneceu uma espécie de fraqueza" nessa avaliação.

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