Em entrevista à agência Lusa, a responsável da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) defendeu que as empresas "vão trabalhando, porque precisam de trabalhar", mas quando chegam ao final do mês percebem que "a rentabilidade das vendas é praticamente nula no que diz respeito ao 'take away' e ao 'delivery' [entregas ao domicílio]".
"No que diz respeito ao 'delivery' e às comissões, que são elevadíssimas e que acabam por não tornar os negócios rentáveis, não é a salvação para nenhuma empresa, mas acabam por ir faturando alguma coisa, para manter os trabalhadores e a rotina de trabalho, para a operação não parar totalmente" afirmou Ana Jacinto.
A secretária-geral da AHRESP disse que, à exceção de empresas que já tinham como ramo de atividade básica o 'take away' ou as entregas ao domicílio ('delivery') antes da pandemia, as que aproveitaram estas modalidades para fazer face às restrições impostas para conter a covid-19 "enfrentam várias dificuldades".
"A primeira é não conhecerem bem essas modalidades quando contratam com as plataformas [de entregas ao domicílio], contratam com o desconhecido, porque a verdade é que, independentemente de o Governo ter intervindo nesta matéria, como sabemos - e bem, porque limitou a comissão - a comissão ainda é elevada, nós estamos a falar de 20%", explicou.
"Muitos destes negócios não têm margem sequer de 20% para pagar 20% a uma plataforma e, portanto, logo à partida isto é um fracasso", referiu, apontando que, apesar de ser "alguma coisa que cai na caixa registadora", trata-se de um valor "extremamente residual e muito insuficiente para a maioria".
Ana Jacinto considerou, ainda, que a proibição de venda de bebidas em 'take away' é um fator prejudicial ao negócio dos restaurantes, uma vez que leva os consumidores a dirigirem-se a espaços onde podem comprar a comida e a bebida juntas.
Para a AHRESP, a restauração está neste momento dependente da "capacidade que o Governo tenha de, efetivamente injetar dinheiro nas empresas", para que consigam resistir até ao momento da retoma.
"Nós não temos dúvidas que isso vai acontecer [a retoma da procura] e, se calhar, até com uma intensidade quiçá maior até do que aquela que nós já tivemos no passado. Agora, que empresas é que ficam cá para responder a essa procura?", questionou Ana Jacinto.
Assim, para a AHRESP é prioritário fazer com que o dinheiro chegue às empresas. "Depois logo veremos que caminhos é que temos de percorrer, como é que vamos percorrer os caminhos, mas agora não podemos criar entraves ao dinheiro entrar nas empresas", sublinhou.
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