Credores privados esperam ver África de volta aos mercados financeiros

O Instituto Financeiro Internacional (IFI), que representa os credores privados a nível mundial, considera que os países da África subsaariana vão voltar ao mercados internacionais este ano, apesar das preocupações sobre o elevado nível de endividamento.

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Lusa
21/02/2021 08:12 ‧ 21/02/2021 por Lusa

Economia

África

"No seguimento de uma significativa mudança no sentimento do mercado no segundo trimestre do ano passado, os países emissores de dívida soberana na África subsaariana recuperaram o acesso ao mercado internacional de títulos de dívida", lê-se numa análise aos mercados de dívida africanos.

O documento, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, nota que desde o terceiro trimestre do ano passado só quatro países emitiram dívida - Costa do Marfim, Benim, Egito e Marrocos - esperando que outros sigam o exemplo este ano devido às "condições favoráveis de liquidez" e que aproveitem para 'rolar a dívida', isto é, dilatar os prazos de pagamento, e financiar o alargamento dos défices orçamentais.

"Antevemos que a emissão de dívida pelos países africanos recupere este ano, alcançando cerca de 25 mil milhões de dólares [20,6 mil milhões de euros], acima dos 15 mil milhões de dólares [12,6 mil milhões de euros] do ano passado, principalmente devido à recuperação na África subsaariana, que no ano passado emitiu apenas 5,2 mil milhões de dólares [4,1 mil milhões de euros]", estima o IFI.

Estes valores, a confirmarem-se, vão fazer com que 2021 seja "o terceiro maior ano em termos de emissão de dívida, só abaixo dos 26,6 mil milhões de dólares [21,9 mil milhões de euros] em 2019 e dos 28,8 mil milhões de dólares [23,7 mil milhões de euros] de 2018, o que demonstra bem a dramática mudança positiva no sentimento do mercado no segundo trimestre do ano passado".

No entanto, alertam, "as preocupações a médio prazo continuam, já que os países africanos enfrentam pagamentos de perto de 100 mil milhões de dólares [82,4 mil milhões de euros] entre 2021 e 2032, devido à forte emissão nos últimos anos", em que aproveitaram o ambiente de baixos juros no seguimento da crise global financeira", emitindo 147 mil milhões de dólares (121,1 mil milhões de euros) entre 2009 e 2020.

Destes 100 mil milhões, "58 mil milhões de dólares [484 mil milhões de euros] representam as emissões dos países da África subsaariana".

Para este ano, o IFI antevê que os países regressem ao mercado, "com a exceção de Angola, onde as dinâmicas desfavoráveis da dívida desencadearam uma descida dos 'ratings' pelas três agências de notação financeira".

Apesar da pandemia de covid-19 e dos diferentes desenvolvimentos regionais, os economistas desta associação de credores privados salientam que "o sentimento do mercado parece ser amplamente favorável à África, com a maioria dos países a verem a sua dívida transacionada a valores ao nível ou acima dos níveis da pandemia".

Com dados até este mês, 20 países africanos devem um total de 134 mil milhões de dólares [110,7 mil milhões de euros], com a África subsaariana a valer cerca de 60%, mas relacionando com o Produto Interno Bruto (PIB), o peso da dívida é mais elevado no norte de África, onde os títulos de dívida soberana (Eurobonds) representam cerca de 10% da riqueza da região, concluem os economistas do IFI.

Leia Também: João Lourenço assinala "ganhos" com reinício da produção da África Têxtil

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