"É um panorama de manifesta gravidade, obviamente" aquele que o setor vive em tempos de pandemia, começou por afirmar o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, em entrevista à Lusa, acrescentando que, "apesar de tudo, as agências de viagens têm sobrevivido".
"Estão em sofrimento, mas têm sobrevivido", reforçou.
O responsável apontou que, ao longo de 2020, as empresas do setor registaram quebras de negócio entre os 75% e os 100%, devido à pandemia de covid-19 e que a estimativa para janeiro e fevereiro deste ano é de um agravamento para quebras entre os 90% e os 100%.
No entanto, explicou, as agências de viajem têm conseguido sobreviver, sobretudo devido a "três fatores essenciais": os resultados positivos do turismo em 2019, que permitiram acumular liquidez, o recurso ao endividamento e os apoios governamentais, "que não sendo suficientes", disse, "têm sido manifestamente importantes".
"Enquanto as empresas estão ligadas à máquina, elas conseguem sobreviver. Com sofrimento, com empresários a gastar dinheiro, com empresários e empresas a endividarem-se, com certeza que sim, com apoios, com certeza que sim, mas têm conseguido sobreviver até ao grande momento da verdade, que é a retoma", sublinhou Pedro Costa Ferreira.
O responsável ressalvou, porém, que a situação está "pior do que nunca", uma vez que a crise está a durar mais do que o previsto e as empresas do setor, estando autorizadas a trabalhar, não têm registado procura expressiva, face às restrições de mobilidade.
"Nós estamos num estado de uma espécie de hibernação", relatou.
Questionado acerca de um sinal de falências pela perda de associados, o presidente da APAVT disse que a associação tem registado "algumas quebras", embora não sejam significativas.
"Temos algumas quebras de associados, sim. [...] Nós fazemos a repescagem das razões pelas quais as empresas deixam de ser associadas, algumas delas é porque desistiram de continuar e, portanto, temos realmente alguns abandonos, mas do ponto de vista macro, mais geral, a verdade é que, tal como os próprios dados macroeconómicos nos fazem sentir, é que há menos falências em 2020 do que em 2019", esclareceu Pedro Costa Ferreira.
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