"PRR quer dizer Plano de Recuperação e Resiliência, mas também pode querer dizer pressa. Pressa de fazer, pressa de investir, pressa de apoiar a economia para depressa ultrapassarmos esta crise provocada pela pandemia. Mas há coisas que se fazem com sentido de pressa, mas não se podem fazer depressa", afirmou João Pedro Matos Fernandes.
O ministro, que falava na cerimónia de lançamento do concurso público internacional de conceção da nova ponte, exclusiva para o metro do Porto, que decorreu nos Jardins do Palácio de Cristal, alertou que, apesar da "pressa" em ver executadas as obras contempladas no PRR, projetos como a nova ponte sobre o rio Douro "precisam de tempo e cuidado de integração".
"Como já disse, temos pressa nesta e em todas as obras do PRR, mas uma obra como esta tinha de começar com um concurso de ideias à escala mundial e a escolha do projeto deveria ser feita por um júri de engenheiros e arquitetos (...) há projetos que precisam de tempo e cuidado de integração", salientou.
Matos Fernandes referiu ainda que, com o PRR e com o próximo quadro comunitário de apoio, obras como a nova ponte do Douro -- que representa "um enorme salto em relação ao investimento passado" -- "vão parecer o novo normal do investimento em mobilidade".
"O reforço indispensável para garantir que só no setor dos transportes iremos reduzir em 40% as nossas emissões até 2030", disse.
Quanto ao concurso de ideias lançado para a nova travessia para ligar o Porto e Vila Nova de Gaia através de metro, o ministro afirmou que "o produto da sua entrega já vai ter um pré dimensionamento da estrutura que permita avaliar a sua exequibilidade e o seu custo".
"Da ponte já sabemos muita coisa, não deverá ter pilares no rio, a sua quota será ligeiramente mais alta do que a da ponte da Arrábida, para não perturbar a vista desta mesma ponte, conhecemos com rigor a integração urbana desta mesma ponte e vai ser para o metro, para as bicicletas e para os peões", esclareceu, acrescentando que o concurso de ideias vai estar aberto por "quatro meses".
No fim da sua intervenção, Matos Fernandes agradeceu "à sorte" por desempenhar funções enquanto ministro do Ambiente e ter a "oportunidade de lançar o concurso".
"Mais tarde ou mais cedo, vou mesmo ser ex-ministro, mas esta já ninguém ma tira", afirmou.
A nova travessia para ligar o Porto e Gaia através de metro deve ficar entre as pontes da Arrábida e Luís I e servirá uma nova linha de Vila Nova de Gaia, entre a Casa da Música e Santo Ovídeo.
A cerimónia contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa, do secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro, e de vários autarcas da região.
No evento foram também consignadas as empreitadas das linhas Rosa e o prolongamento da Amarela do Metro do Porto.
No que se refere à Linha Amarela, em causa está o prolongamento de Santo Ovídeo a Vila D'Este, em Gaia, enquanto a Linha Rosa constitui um novo trajeto no Porto entre a zona de S. Bento/Praça da Liberdade e a Casa da Música.
Fonte oficial da Metro do Porto revelou à agência Lusa a 03 de março que o Tribunal de Contas (TdC) deu luz verde às empreitadas de construção da Linha Rosa e de prolongamento da Linha Amarela até Vila d' Este.
O visto do TdC foi dado aos contratos assinados, em novembro, entre a Metro do Porto e o consórcio Ferrovial/ACA, por um valor global de 288 milhões de euros.
Deste valor, 189 milhões destinam-se à Linha Rosa, no Porto, e 98,9 milhões ao prolongamento da Amarela, entre Santo Ovídeo e Vila D' Este, em Gaia.
"O investimento global nos dois projetos ronda os 407 milhões de euros -- incluindo expropriações, projetos, fiscalização, equipamento e sistemas de apoio à exploração", referiu a mesma fonte da Metro do Porto.
A nova Linha Rosa (Circular) integrará quatro estações e cerca de três quilómetros de via.
Esta ligação, entre a zona de S. Bento/Praça da Liberdade e a Casa da Música, passa pelo Hospital de Santo António, Pavilhão Rosa Mota, Centro Materno-Infantil, Praça de Galiza e polo universitário do Campo Alegre.
O prolongamento da Linha Amarela entre Santo Ovídeo e a zona residencial de Vila d' Este vai permitir construir um troço com três estações e cerca de três quilómetros, passando pelo Centro de Produção da RTP e pelo Hospital Santos Silva.
Atualmente, a rede tem 67 quilómetros, com seis linhas que servem sete concelhos e 82 estações, movimentando anualmente mais de 71 milhões de clientes (valor reportado a 2019, o último exercício antes da pandemia).
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