Empresa que avaliou Tranquilidade já tinha trabalhado com a Apollo
Os deputados Miguel Matos (PS) e Hugo Carneiro (PSD) disseram hoje na comissão de inquérito ao Novo Banco que a empresa que avaliou a Tranqulidade, a Duff & Phelps, tinha trabalhado com a Apollo, que acabou por comprar a seguradora.
© Reuters
Economia Novo Banco
Na avaliação do valor, "a Duff & Phelps, na sua 'fairness opinion' [opinião sobre valor], no texto propriamente dito que entregou ao Novo Banco, faz constar que nos dois últimos anos prestou serviço de consultoria pagos à Apollo no âmbito de outros negócios", disse o parlamentar do PSD na audição ao antigo administrador do Novo Banco João Moreira Rato comissão de inquérito às perdas imputadas ao Fundo de Resolução.
O deputado do PSD questionou João Moreira Rato "se o Conselho de Administração se apercebeu que isso estava escrito e se isso suscitou alguma dúvida ou alguma questão".
"Eu não me lembro disso, mas devo dizer que acho natural, porque a Apollo, sendo uma empresa que está constantemente a fazer compras por todo o mundo, é normal que repita a utilização de alguns destes tipos de casas que fazem estas 'fairness opinion'", respondeu o antigo responsável do Novo Banco, acrescentando que é um procedimento normal com outras empresas da concorrência.
Anteriormente, o deputado do PS Miguel Matos já tinha dito que a empresa "já tinha trabalhado com a Apollo" questionando João Moreira Rato se não via nesse facto "nenhum conflito de interesses".
"Era uma empresa reputada internacionalmente neste tipo de coisas, bastante reputada, que faz milhares destas avaliações por todo o mundo", respondeu.
A Hugo Carneiro, o antigo responsável do Novo Banco disse que os 700 milhões da primeira avaliação "foram apresentados pelo BESI como uma valorização baseada nas projeções das própria gestão da Tranquilidade, que o próprio BESI achou exageradas".
Segundo Moreira Rato, por este motivo era "muito difícil" voltar ao BESI e pedir uma 'fairness opinion', indo obter "a uma casa internacional de máxima reputação para conseguir uma 'fairness opinion' mais independente possível".
"Lembro-me essa condição precedente - da 'fairness opinion' - também era importante para o comprador", completou.
A seguradora Tranquilidade acabou por ser vendida à Apollo por cerca de 40 milhões de euros, sendo posteriormente vendida à Generali por 600 milhões de euros.
No início da audição, o deputado João Moreira Rato já tinha confirmado que o atual ministro Pedro Siza Vieira participou como advogado na venda da seguradora Tranquilidade.
"A nossa principal contraparte na Linklaters era o Dr. António Soares. Quem esteve mais envolvido na questão da Tranquilidade foi o dr. Pedro Siza Vieira", confirmou, referindo-se ao processo da venda da seguradora.
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