Porto. Desertificação, rendas e turismo são maiores problemas do centro

Um inquérito online lançado pela Câmara do Porto no âmbito da elaboração do Plano de Gestão e Sustentabilidade do Centro Histórico aponta a desertificação populacional, as rendas inacessíveis e o excesso de alojamento turístico como os maiores problemas.

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Lusa
31/03/2021 15:40 ‧ 31/03/2021 por Lusa

Economia

- Inquérito

 

No estudo hoje divulgado pela Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação (SRU), numa iniciativa em formato digital, onde foi também apresentado o Plano de Gestão e Sustentabilidade do Centro Histórico do Porto, Ponte Luiz I e Mosteiro da Serra do Pilar (CHPPM), participaram um total de 814 pessoas, sendo que, deste universo 67% residem na cidade do Porto.

Com base nos dados analisados, conclui-se que a comunidade vê como vantagem a necessidade de proteger o património material (arquitetura, monumentos e malha urbana) assim como o património imaterial (bairrismo, o comércio tradicional, as tradições), considerando que é da preservação de ambos que se garante a manutenção da autenticidade e identidade deste bem classificado desde 1996.

No que se refere aos problemas identificados, destaca-se a preocupação sobre a desertificação populacional, a falta de habitação e de rendas acessíveis.

Das 3065 respostas selecionadas, 14% consideraram que a desertificação populacional e as rendas não acessíveis são dos maiores problemas.

Já 13% considera o excesso de alojamento turístico e 7% refere como problema as habitações com tipologias pequenas.

Por outro lado, 10% dos inquiridos apontaram ainda o aumento do preço dos produtos e serviços, como um problema, 7% sinalizou a falta de estacionamento e 6% a dificuldade de acesso para pessoas com mobilidade reduzida.

"Embora uma larga maioria também tenha considerado existir um excesso de alojamentos turísticos, tal não se traduz na ideia de que o excesso de turismo, em si, é um problema. O problema que prevalece é o da capacidade do CHP [Centro Histórico do Porto] em garantir a regeneração habitacional através do arrendamento acessível", pode ler-se nas conclusões hoje divulgadas.

Questionados sobre recomendações para a proteção dos elementos de valor patrimonial e garantia da qualidade de vida das pessoas, 17% dos inquiridos, num total de 3112 respostas selecionadas, assinalaram a opção "Continuar a apostar na reabilitação urbana com a promoção de boas práticas de requalificação, autenticidade, respeitando património arquitetónico e a capacitação da população".

Já 16% responderam "Proteger a identidade cultural do Centro Histórico do Porto" e 15% escolheram a opção "Criar melhores condições para os residentes, salientando a necessidade do conforto e eficiência energética do parque habitacional, e a necessidade de investimento em equipamentos e segurança".

O inquérito permite aferir outras preocupações como por exemplo as questões relacionadas com o comércio tradicional e com a restrição do alojamento local, ou a mobilidade, controlo de tráfego, o reforço do estacionamento e de vias restritas aos peões e meios suaves, e por último a dinamização e promoção do setor turístico.

O centro histórico do Porto é um dos três sitos incluídos no mais recente Relatório Mundial sobre Monumentos e Sítios em Perigo, revelado em janeiro, onde estão identificados um total de 14 obras ou projetos em andamento ou realizados na área do centro histórico do Porto, entre os quais o projeto da Time Out para a ala sul da Estação de São Bento.

Segundo o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS, na sigla em inglês), organismo consultivo da UNESCO, estes projetos colocam em risco o seu valor patrimonial daquele sítio classificado como património mundial desde 1996.

Numa primeira reação ao relatório, a Câmara do Porto disse discordar das suas conclusões, afirmando que estas resultam da sua "profunda ignorância sobre o património" da cidade.

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