Odemira. Trabalhadores sazonais contribuem "mais de 50%" na incidência
Os trabalhadores sazonais das explorações agrícolas em Odemira contribuem "com mais de 50%" na incidência da covid-19 registada neste concelho do distrito de Beja, afirmou hoje o presidente da Câmara Municipal, reiterando a contestação sobre o cálculo das infeções.
© REUTERS
Economia Covid-19
"Tudo farei para provar que é injusto e que o concelho de Odemira devia de ser atendido como uma situação especial face à sua condição territorial e populacional", declarou o autarca José Alberto Guerreiro (PS), manifestando "muitas reservas" quanto ao que possa vir a acontecer no âmbito das medidas de desconfinamento.
Por registar em 14 de abril, pela segunda avaliação quinzenal consecutiva, uma taxa de incidência de casos de covid-19 acima de 240 por 100 mil habitantes em 14 dias, Odemira foi um dos quatro concelhos, juntamente com Moura, Portimão e Rio Maior, que recuou para a primeira fase do desconfinamento, com medidas mais restritivas a partir de 19 de abril, inclusive a proibição de não se poder circular para fora do município.
Dados divulgados na sexta-feira revelam que Odemira é agora um dos dois concelhos em risco muito elevado de contágio, com o registo de incidência acumulada de 991 casos por 100 mil habitantes, ficando só atrás de Vila Franca do Campo (1.357), nos Açores.
Hoje, em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Odemira, José Alberto Guerreiro, disse que "os números dos últimos dias manifestam já uma tendência de descida de infeções", acrescentando que o município está a trabalhar no incremento da vacinação no território, o que "levará à proteção de todos aqueles que têm mais de 50 anos a muito curto prazo", assim como no reforço da aplicação de medidas cautelares e de fiscalização.
"Estou convicto de que haveremos de descer estes índices", apontou.
Reforçando a contestação sobre a forma de cálculo do número de casos de infeção da covid-19, o autarca lembrou que Odemira tem "um acréscimo significativo de população que não é censitária", pelo que a incidência registada "não é a real".
"Teimosamente, continuamos a insistir para que a conta seja efetuada de forma correta e esperamos que, muito brevemente, isso venha a acontecer", indicou o presidente da Câmara de Odemira, lembrando que o concelho "tem, desde há muito, nos últimos anos e especialmente neste período das colheitas em situação agrícola, uma população significativamente maior, cerca de 50% de acréscimo, o que não pode ser menosprezado no cálculo da incidência".
Neste âmbito, o autarca revelou que os trabalhadores sazonais do setor agrícola contribuem "com mais de 50%" na taxa de incidência da covid-19 registada em Odemira, pelo que "a incidência tem de ter uma relação entre aquilo que efetivamente são os potenciais infetados com os que realmente apresentam a infeção".
Sobre as condições em que vivem os trabalhadores sazonais das explorações agrícolas, com alguns a morar em grupo em quintas agrícolas ou em casas arrendadas, José Alberto Guerreiro explicou que a situação "não se consegue resolver de um dia para o outro", porque "não há disponibilidade de alojamento imediato no território para que isso se possa alterar".
Para o autarca de Odemira, a maior urgência hoje tem a ver com a redução das infeções, com o isolamento das pessoas infetadas com covid-19, lembrando que o problema da habitação já está previsto na resolução do Conselho de Ministros n.º 179/2019, que determina a criação de "alternativas de alojamento de trabalhadores agrícolas face à escassez do mesmo nos perímetros urbanos/aglomerados rurais no município de Odemira".
"Estamos obviamente preocupados, achamos uma injustiça as medidas que têm sido aplicadas, penalizando setores que não apresentam nenhuma infeção e áreas do território, que este é o maior território do país, com uma área muito extensa, onde a maior parte das freguesias não tem um único cidadão infetado", adiantou o presidente da Câmara.
Sobre a decisão do Governo de criar uma 'task force' de Odemira, José Alberto Guerreiro explicou que esse foi uma das propostas apresentadas pelo executivo municipal, tendo começado hoje com a implementação de medidas de fiscalização no território, "no âmbito das condições de trabalho, do comportamento dos cidadãos, quer em deslocação, quer no espaço público, e também de reforço de meios de saúde, no sentido de ajudar ao rápido tratamento no caso das situações de infeção e ao reforço da aplicação da vacinação".
"Julgo que esta 'task force' vai, com toda a certeza, melhorar a situação sanitária em Odemira", salientou.
Outras das propostas apresentadas ao Governo foram o apoio aos comerciantes que estão a ser lesados por terem os negócios encerrados, ainda que o município já tenha em marcha um programa de apoio complementar, o reforço da vacinação e ao mesmo tempo que a testagem seja uma obrigação de todos e não apenas de alguns e não apenas uma situação que venha a ser verificada à 'posteriori'.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.109.991 mortos no mundo, resultantes de mais de 147 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.965 pessoas dos 834.638 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Leia Também: Dez concelhos recuam ou mantêm fase do desconfinamento a partir de hoje
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com