"Acredito que a aviação vai continuar a ter grandes oportunidades no futuro porque consegue unir as pessoas através dos continentes, através do globo e não há nada que possa replicar isso", afirmou o diretor-geral da DG MOVE, Henrik Hololei, que falava no 'Aviation Day', uma iniciativa organizada pela Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE).
No entanto, este responsável sublinhou que o impacto da pandemia de covid-19 o setor é maior do que o estimado, tendo em conta que a verdadeira "magnitude da crise" só será conhecida quando a recuperação tiver início, o que ainda "vai demorar a acontecer".
Para Hololei a recuperação do setor só será possível através de três pilares -- conectividade, competitividade e viabilidade da aviação.
Conforme destacou o diretor-geral da DG Move, Bruxelas, em conjunto com os Estados-membros, promoveu assistência a este setor, procurando aliviar o impacto da covid-19.
A par dos auxílios promovidos pela Comissão Europeia, foi aprovado o mandato para as negociações de certificado verde, que atesta que um cidadão foi vacinado contra a covid-19, já recuperou da doença ou que recebeu um resultado negativo num teste de despiste.
"Este certificado vai promover a saúde e a mobilidade e esperemos que tenha como resultado o aumento do número de passageiros que embarcam nos aviões", defendeu.
Na mesma sessão, o diretor-geral da organização Eurocontrol defendeu que, apesar do vírus ser o mesmo a resposta que cada Estado-membro necessita para ultrapassar o impacto da covid-19, deve ser adequada às suas necessidades.
Eamonn Brennan apontou ainda que a recuperação dos Estados Unidos tem sido superior à da Europa, sendo que, em termos de vacinação, a América do Norte está "cinco a seis semanas à frente" da UE.
O Eurocontrol estimou ainda que, ao nível da aviação, maio vai continuar a ser um mês sem grandes alterações, sendo que a meio de junho terá início uma pequena e lenta recuperação, que deverá acontecer em função da vacinação.
Por sua vez, a presidente da Conferência Europeia da Aviação Civil (CEAC), Ingrid Cherfils, notou que o setor da aviação, na União Europeia, foi dos mais impactados pela crise gerada pela pandemia, enfrentando agora "desafios extraordinários".
Durante a sua intervenção, Cherfils defendeu ser necessário "unir esforços" e conhecimentos para responder às necessidades do setor, que considerou ser essencial para a recuperação económica.
Já o Vice-Presidente Regional da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), Rafael Schvartzman, disse que os processos de vacinação "são vitais" e que os governos se debatem com a "necessidade de salvar a saúde pública, sem matar a economia".
Schvartzman referiu ainda que a digitalização é um fator importante, podendo facilitar "a jornada dos passageiros e restaurar a liberdade dos movimentos".
O presidente da European Cockpit Association (ECA), Otjan de Bruijn, que também participava no painel "A recuperação do setor durante e após a situação da pandemia de covid-19", lamentou que muitas companhias tenham abandonado as "suas responsabilidades sociais".
"Milhares de pilotos perderam o seu trabalho e estão sem apoio. Os direitos destes trabalhadores estão a ser ignorados e a legislação europeia tem que conseguir parar com esta situação", sublinhou, defendendo que "este é o momento" para ir para a frente com uma indústria social e sustentável.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.203.937 mortos no mundo, resultantes de mais de 152,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.977 pessoas dos 837.277 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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