Empresários de São Miguel manifestam-se e dizem que estão "no limite"
O porta-voz de um grupo de empresários da ilha de São Miguel que se manifestou em Ponta Delgada considerou hoje que as empresas estão "no limite" face às restrições impostas pela covid-19, recusando qualquer 'contágio político' na concentração.
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Economia Covid-19
Cerca de 100 pessoas de vários ramos da atividade económica da ilha de São Miguel concentraram-se esta manhã junto ao Palácio da Conceição, onde decorria uma conferência de imprensa do secretário regional da Saúde, Clélio Meneses, sobre o ponto de situação da pandemia de covid-19 nos Açores.
Pedro Arruda, empresário e militante do PS/Açores, congratulou-se com o facto de São Miguel "a partir da meia noite de amanhã [sábado] ir reabrir", mas disse que o objetivo da concentração foi tentar garantir que não se volta a 'fechar' a ilha.
O Governo Regional anunciou hoje que a ilha de São Miguel deixa de estar em nível de alto risco, deixando de estar sob as medidas restritivas que vigoraram nas últimas três semanas, como o encerramento dos estabelecimentos de restauração e outros serviços.
Inicialmente, a manifestação estava agendada para as 15:00, mas a concentração acabou por ser antecipada para o período da manhã, depois de também a hora da conferência de imprensa do secretário Regional da Saúde ter sido alterada.
O objetivo dos manifestantes era protestar contra o encerramento da atividade económica e outros setores da sociedade devido à pandemia de covid-19.
Entretanto, ainda na quarta-feira, Clélio Meneses anunciou que a ilha de São Miguel deveria deixar de estar no patamar de alto risco de contágio da covid-19 e, assim, grande parte da atividade económica poderia voltar a reabrir.
Hoje, Pedro Arruda reconheceu que a reabertura das escolas é "muito importante", tal como do comércio, hotelaria e restauração.
Contudo, salientou, "uma das reivindicações mais importantes de todos os empresários dos vários setores é que se houver um novo recrudescimento de casos [de covid-19] na ilha de São Miguel não se volta a fechar a ilha toda".
"Ou seja, tem que haver uma malha mais apertada, tem que se fazer um controlo concelho a concelho, freguesia a freguesia e rua a rua, se for preciso, fazendo-se o rastreamento das cadeias de contágio e não fazer medidas generalistas altamente penalizadoras para toda a sociedade, como é fechar uma ilha inteira".
De acordo com o empresário, "proibir as crianças de ir à escola, retirar aos empresários e aos trabalhadores o direito ao trabalho" é o que se "pretende evitar".
O porta-voz da concentração referiu que "as empresas não aguentam mais, estando num ponto limite" e defendeu que o Governo dos Açores "tem que dar um sinal muito claro que percebe as dificuldades que os empresários estão a passar", já que neste momento os apoios públicos são "demasiado burocráticos".
Questionado sobre se houve um 'contágio político' na manifestação dos empresários, Pedro Arruda discordou:" sinceramente não acho, vê-se pela manifestação que está aqui que são empresários preocupados, de facto, não havendo representantes políticos".
Pedro Arruda - que tem sido o porta-voz do Manifesto Açoriano Pelos Direitos Fundamentais, que congrega cerca de 50 pessoas, e já foi delegado de Turismo de São Miguel, em governos socialistas - considerou ainda que o facto de ser militante do PS/Açores "é uma não questão" e lembrou que "há vários anos" que não tem cargos dirigentes no partido.
Além disso, acrescentou, a sua "participação cívica dos últimos seis anos foi bastante critica da governação do PS".
Os Açores contam hoje com 17 novos casos positivos de covid-19, todos detetados em São Miguel, nas últimas 24 horas, e não há atualmente doentes internados em cuidados intensivos, segundo o boletim diário da Autoridade de Saúde açoriana.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.244.598 mortos no mundo, resultantes de mais de 155,1 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.988 pessoas dos 838.475 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China
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