França quer vender ouro do FMI e aumentar fundos para África
A França vai propor que o Fundo Monetário Internacional (FMI) venda parte das suas reservas de ouro e aumente o volume dos fundos destinados à recuperação económica das economias mais vulneráveis, particularmente na África subsaariana.
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Economia França
Em declarações aos jornalistas nas vésperas da Cimeira sobre o Financiamento das Economias Africanas, que decorre terça-feira em Paris com a presença de dezenas de chefes de Estado africanos, os conselheiros do Presidente francês vincaram que a venda de ouro será uma das ideias que Macron apresentará.
"Um dos pontos que estamos a tentar pressionar é pensar na ideia de falar sobre vendas de ouro do FMI, o que aumentaria a confiança do mercado e permitiria empréstimos com juros perto do zero para os países africanos", disse um dos conselheiros de Macron para África.
Salientando que "certamente não haverá uma decisão sobre esta matéria já na terça-feira", o responsável salientou que "a ideia é colocar o tema em cima da mesa para dizer que os Direitos Especiais de Saque (DES) devem ser utilizados principalmente pelos países de baixos rendimentos, nomeadamente os africanos".
O aumento da capacidade financeiro do Fundo de Crescimento e Combate à Pobreza, um dos principais instrumentos financeiros do FMI para acudir às necessidades dos países mais vulneráveis, é outra das ideias que a França vai lançar no encontro de terça-feira, que juntará dezenas de chefes de Estados e os líderes das principais instituições financeiras, como o Banco Mundial, FMI, Banco Africano de Desenvolvimento, para além dos responsáveis máximos da União Europeia e União Africana, e os países do G7 e do G20.
"Há outras fórmulas possíveis, pode-se imaginar a criação de outros fundos dentro do FMI, podemos imaginar que os DES podem ser canalizados para instituições com o Banco Mundial ou o Banco Africano, e estamos em discussões com ambos sobre como poderiam, caso recebessem, fomentar os investimentos na saúde e na educação", acrescentou a Presidência francesa.
A Cimeira sobre o Financiamento das Economias Africanas acontece na próxima terça-feira, e surge na sequência da divulgação de um pedido de apoio dos líderes africanos, a 15 de abril do ano passado, no Financial Times e no Jeune Afrique, afetados não só pelo impacto da pandemia na saúde dos cidadãos, mas também na economia, que viu as debilidades já existentes agravadas pelas medidas de restrição necessárias para impedir a propagação do vírus.
Apesar de o continente ter registado um número relativamente baixo de mortes, menos de 130 mil mortos, o equivalente ás mortes no Reino Unido, por exemplo, os responsáveis do Eliseu, a residência oficial do Presidente da República de França, salientam principalmente o efeito na economia e, consequentemente, na vida das pessoas, cujo rendimento 'per capita' só deverá voltar aos níveis anteriores à pandemia em 2023 ou 2024.
"O FMI estima que os países africanos tenham necessidades de financiamento equivalentes a 450 mil milhões de dólares [370 mil milhões de euros] até 2025, daí a ideia de aumentar de forma massiva a ajuda de emergência a África", que sofreu o mesmo que os outros países, mas não tem os instrumentos financeiros que os países mais desenvolvidos colocaram à disposição das suas economias.
O Banco Central Europeu, por exemplo, disponibilizou 750 mil milhões de euros em estímulos à economia da região, enquanto os Estados Unidos aprovaram um pacote de ajuda no valor de 2 biliões de dólares (1,65 biliões de euros), o maior de sempre, o que contrasta com a fraca capacidade financeira dos países africanos.
O FMI vai emitir 650 mil milhões de dólares, cerca de 550 mil milhões de euros, em Direitos Especiais de Saque (DES), que serão depois distribuídos pelos membros em função das quotas, o que dará 34 mil milhões de dólares (28 mil milhões de euros) para África, dos quais 23 mil milhões de dólares (19 mil milhões de euros) estão reservados para a África subsaariana.
"Estas verbas chegarão em setembro para os países africanos, mas o nosso sentimento é que não são suficientes, e portanto um dos pontos que o Presidente Macron quer abordar é a possibilidade de reafetar os DES atribuídos aos países mais avançados de forma a canalizá-los para os mais necessitados", acrescentou a mesma fonte.
O debate, concluiu, não estará terminado na terça-feira, mas a ideia é "pensar em conjunto como podemos realocar os nossos DES através de vários métodos que possam beneficiar os países de baixos rendimentos", acrescentou, apontando que a França, por exemplo, tem direito a 25 mil milhões de dólares (20,6 mil milhões de euros) tendo em conta a quota no Fundo.
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