"Nós vamos fazer uma força e vamos criar estatuto para que a atividade marítimo-turística esteja fora da animação turística, que seja uma atividade externa, porque as nossas necessidades e as nossas preocupações não são idênticas aos ditos 'tours' de bicicletas, aos operadores que alugam bicicletas e trotinetes", disse à agência Lusa João Hydalgo, do Grupo de Operadores Marítimo Turísticos de Lisboa.
De acordo com João Hydalgo, a necessidade de criar uma divisão nas atividades surge para que o setor possa ter uma entidade que o "tutele e o defenda".
"Nós estamos regulados por várias autoridades e este é o nosso problema. Somos regulados pela Polícia Marítima, pela ASAE -- porque há muitas embarcações que também fazem refeições --, ou seja, temos um conjunto de autoridades que nos tutelam e este é um problema grave. As atividades não se coadunam, ou seja, não se comunicam", indicou.
O responsável pelo grupo explicou que a atividade marítimo-turística é "muito específica", salientando que as embarcações se dividem em 10 ou 12 classes e subclasses.
"Nós temos o Turismo de Portugal que nos tutela como animadores turísticos e depois temos uma Capitania [do Porto] de Lisboa que não nos reconhece como animadores turísticos. Isto cria um problema grave porque a autoridade marítima diz: não, vocês são uma prestação de serviço, não têm nada a ver com atividades culturais e temos o Turismo de Portugal a dizer-nos o contrário", sustentou.
Hoje, os operadores marítimo-turísticos iriam realizar uma manifestação náutica com "dezenas de embarcações" no rio Tejo, junto ao Terreiro do Paço, devido ao horário de encerramento da atividade, às 19:30, nos fins de semana e feriados.
A concentração marítima foi desmarcada depois de o grupo ter recebido, hoje de manhã, uma resposta da Secretaria de Estado do Turismo com a indicação de que as atividades dos operadores marítimo-turísticos "podem terminar às 22:30".
"Foi necessário juntar esta manifestação -- tivemos barcos a vir de Sesimbra [distrito de Setúbal], barcos a vir de Sines [também de Setúbal], barcos a vir de Cascais [distrito de Lisboa] - porque isto era ridículo. Tal como num restaurante a sua grande afluência há de ser à hora de jantar, a nossa afluência é ao fim de semana e principalmente para o fim do dia, foi exatamente o que nos cortaram", atentou.
Apontando para quebras na faturação consideráveis, João Hydalgo relembrou que, em Lisboa, existem 200 operadores, que têm pelo menos duas ou três embarcações.
"Estamos a falar no mínimo de 500 embarcações, 500 com tripulação. São à volta de mil, duas mil pessoas, neste momento, a trabalhar, estamos a falar em três mil famílias, que estão ser gravemente afetadas por estas restrições", disse, alertando que estão "com quebras [na faturação], neste momento, de cerca de 75%".
À Lusa, João Hydalgo adiantou ainda que está a ser criada uma associação de operadores marítimo-turísticos de Lisboa.
"Juntámos alguns operadores para realmente criar uma associação, a associação ainda não está criada, está em fase de criação, mas eu sou o responsável por este grupo. Neste caso, estou a assumir a presidência do grupo, apesar de não estar oficialmente dado como associação", defendeu.
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