De acordo com os resultados anunciados pela Comissão de Trabalhadores (CT), na votação realizada quinta e sexta-feira, houve apenas 620 votos favoráveis e 3.426 votos contra o referido pré-acordo laboral na fábrica de automóveis da Volkswagen da Autoeuropa, em Palmela, no distrito de Setúbal.
O coordenador da CT, Fausto Dionísio, aceita os resultados "com humildade democrática" e interpreta o resultado da votação como um "mandato para renegociar o acordo celebrado com a administração".
Fausto Dionísio lembra, no entanto, que o pré-acordo laboral "previa aumentos salariais de 1,7% em 2022, 1,2% em 2023 e um pagamento único de 500 euros a cada trabalhador em 2021, com um aumento mínimo de 25 euros, bem como a reposição da diferença caso a taxa de inflação fosse superior ao aumento global de 4,6% previsto para os próximos três anos".
"A CT acreditou que se tratava de um acordo que garantia uma atualização salarial razoável face à situação de incerteza em que vivemos, devido à pandemia e às mudanças em curso no setor automóvel. Mas a maioria dos trabalhadores tem outra opinião e a CT vai transmitir essa posição dos trabalhadores à administração da empresa", disse à agência Lusa Fausto Dionísio.
O coordenador da CT lembrou ainda que, inicialmente a empresa pretendia reduzir em 50% o pagamento dos sábados e dos domingos e os prémios de objetivos, mas deixou cair essa pretensão e aceitou melhorar o seguro de saúde dos trabalhadores.
No pré-acordo que hoje foi rejeitado pela esmagadora maioria dos trabalhadores, a administração e a CT comprometiam-se também a criar condições para garantir a atribuição de um novo produto à fábrica de automóveis de Palmela, para fazer face ao fim da produção do MPV (Multi-Purpose Vehicle), prevista para meados de 2022, e a eventuais flutuações de mercado do T-Roc.
O T-Roc e o MPV são os dois modelos de automóveis produzidos atualmente na fábrica da Volkswagen em Palmela.
A Autoeuropa, com mais de 5.000 colaboradores, dos quais 98% com vínculo permanente, produziu em 2020 um total de 192.000 automóveis e 20 milhões de peças para outras fábricas do grupo alemão, que representam 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) e 4,7% das exportações portuguesas.
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