A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, à qual o Brasil está em vias de aderir como membro de pleno direito, acredita que a forte recuperação económica que a maior economia da América Latina tem vindo a viver desde finais de 2020 permitirá ao país ultrapassar a crise gerada pela covid-19, que causou uma retração económica histórica de 4,1% no ano passado.
"Apesar do elevado número de infeções e mortes, a economia recuperou fortemente no final de 2020. Espera-se que o crescimento do produto interno bruto (PIB) atinja 3,7% em 2021 e 2,5% em 2022, impulsionado por um aumento progressivo do consumo e do investimento", afirma-se no estudo.
A organização condicionou, no entanto, a recuperação ao controlo da pandemia. O Brasil é um dos países mais duramente atingidos pela covid-19 em todo o mundo, com cerca de 460.000 mortes e 16,4 milhões de infeções, e, com o processo de vacinação a avançar lentamente, enfrenta a ameaça de uma terceira vaga.
"A situação da saúde é preocupante. A propagação do vírus acelerou no início de 2021. A ampla propagação do vírus e as medidas de restrição descoordenadas a nível governamental agravaram a situação. O processo de vacinação é lento, apesar da capacidade local de produção de vacinas", afirma-se no relatório.
"A recuperação vai depender da evolução da pandemia. Apesar do sólido crescimento nos dois primeiros meses do ano, impulsionado pelo comércio a retalho e outros setores de serviços, a atividade no primeiro semestre do ano será moderada, limitada pelo elevado nível de propagação do vírus e restrições de mobilidade", acrescenta-se no relatório.
De acordo com a OCDE, é possível projetar uma forte recuperação económica no segundo semestre do ano, liderada pelo consumo doméstico e pelas exportações, se a campanha de vacinação acelerar e houver um melhor controlo da propagação do vírus.
Isto porque a poupança acumulada em 2020 manterá os níveis de consumo apesar da queda dos rendimentos devido ao aumento do desemprego e as exportações continuarão a beneficiar da recuperação da procura global de alimentos e minerais, e do aumento dos preços das matérias-primas.
Para a OCDE, a outra ameaça à recuperação do Brasil é a inflação, que recuperou nos últimos meses, e deverá terminar este ano acima do limite máximo do objetivo fixado pelo Banco Central para 2021 (5,25%).
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