Reforma da Resiliência pede ao G7 mais 1.650 milhões para vacinas

A Comissão de Política de Resiliência (CPR) apelou hoje ao G7 para um financiamento extra de 2.000 milhões de dólares (1.650 milhões de euros) para o programa de vacinas Covax de 2022, indica o relatório provisório da organização.

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Lusa
05/06/2021 06:28 ‧ 05/06/2021 por Lusa

Economia

Covid-19

A CPR, que inclui antigos primeiros-ministros e líderes globais da ciência e da saúde, entre eles o português José Manuel Durão Barroso, exorta também à criação de uma "nuvem global de dados de biossegurança" e um novo quadro global da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) para "métricas de crescimento mais saudável".

A cimeira das sete economias mais industrializadas, que se realiza no Reino Unido entre 11 e 13 deste mês, prossegue o documento, deve abrir caminho para criar uma "abordagem verdadeiramente integrada na saúde global, economia e ambiente pós-pandemia", à semelhança do que as instituições de Bretton Woods fizeram ao moldar a cooperação financeira no mundo no final da Segunda Guerra Mundial.

"Como prioridade imediata, o G7 deve comprometer-se a uma distribuição global mais urgente da vacinação. Em particular, além do financiamento de boas-vindas garantido para este ano, o programa COVAX necessitará de fundos adicionais de, pelo menos, 2.000 milhões de dólares para o próximo ano", lê-se no relatório.

"O G7 deve igualmente comprometer-se com a criação de um quadro global robusto para a partilha de dados sobre a pandemia e os riscos de biossegurança, e com um novo quadro global da OCDE para as métricas de crescimento mais saudável", acrescenta o documento.

A Comissão foi convocada pelo ex-ministro da Ciência da Vida do Reino Unido, George Freeman, como uma aliança internacional para fazer da pandemia um "catalisador para reforçar o compromisso institucional global com um modelo de crescimento global mais saudável e resiliente".

Nas conclusões provisórias, a Comissão pede também um compromisso coordenado de descentralização e diversificação do fabrico de vacinas, para evitar os problemas de concentração excessiva num pequeno número de países, tornando as cadeias de abastecimento globais "vulneráveis a estrangulamentos na cadeia de abastecimento e a outras ameaças".

O relatório apela também a "medidas agressivas", combinadas com abordagens sensíveis da comunidade para combater a desinformação sobre a vacina, e recomenda a eliminação de barreiras, bem como um quadro "claro e eticamente sólido de incentivos à absorção de vacinas". 

Alertando para o facto de que a pandemia "está longe de terminar", o relatório conclui que a covid-19 representou "um teste extraordinário à resiliência da economia global e de todas as instituições", o que mostrou "fragilidades chocantes na preparação e resposta globais".

Entre as fragilidades destaca os protocolos de vigilância e partilha de dados "inadequados", bem como as cadeias de distribuição de vacinas, "que causaram milhões de mortes e custaram triliões à economia global".

Nesse sentido, a Comissão recomenda uma "nova arquitetura de política global" -- uma nova "Bretton Woods para a Saúde" --, que envolva um leque muito mais alargado de coordenação e que acrescente capacidades da Organização Mundial de Saúde (OMS), para permitir uma vigilância e partilha de dados globais "mais oportuna e completa, bem como um compromisso institucional global com a saúde como um bem global".

"A Comissão continuará a trabalhar com a OCDE, G20 e Fórum Económico Mundial para desenvolver métricas baseadas em evidências de crescimento saudável, essenciais para proporcionar um crescimento mais saudável, mais limpo e sustentável para uma nova geração", lê-se no documento.

No relatório, os três copresidentes da Comissão, Durão Barroso, ex-Presidente da Comissão Europeia (2004/14), antigo primeiro-ministro português (2002/04) e atual presidente da Aliança das Vacinas (GAVI), Malcolm Turnbull, ex-primeiro-ministro australiano (2015/18) e Michelle A. Williams, atual reitora da Universidade de Harvard, afirmam-se defensores das medidas.

"A covid-19 revelou o verdadeiro valor da saúde como um bem global, para todos. A negligência sistémica da resiliência do sistema de saúde provou ser uma falsa economia. Temos de aprender as lições. Nenhum país está seguro até que todos os países estejam seguros. Os líderes globais das nações mais ricas do G7 e do G20 precisam de agir com urgência para garantir uma vacinação global, equitativa e acessível", escreve Durão Barroso no documento.

Malcolm Turnbull, por seu lado, alertou para o facto de a pandemia ter "testado a força, adaptabilidade e resiliência da comunidade global", razão pela qual constitui "um alerta tão significativo e urgente" para os líderes mundiais como o foi com a crise financeira global de há mais de uma década.

"Precisamos de um sério reforço do compromisso institucional global com a resiliência económica da saúde e reconhecer que o ritmo da globalização e das alterações climáticas está a aumentar o risco de surtos de doenças fitossanitárias e respiratórias", sustentou.

Por sua vez, Michelle A. Williams falou da necessidade de se criar "um momento Bretton Woods para a saúde global". 

"À medida que os líderes mundiais emergem da pandemia de covid-19, temos de aproveitar a oportunidade para aprender as lições e fazer desta crise um catalisador para reformas sérias. Reformas tanto para melhorar a resiliência da saúde das economias, mas também para olhar mais profundamente para a questão do crescimento mais saudável ao lado de um crescimento mais limpo", argumentou.

"O ritmo da globalização torna as pandemias futuras mais prováveis. Se não fizermos deste um momento de Bretton Woods para a resiliência global da saúde, trairemos a nossa responsabilidade para com o planeta e para as gerações futuras", sublinhou, por seu lado, George Freeman, também copresidente da CPR e fundador da Estratégia de Ciência do Reino Unido, com uma investigação do setor genómico lançada em 2011.

Leia Também: Ministros da Saúde do G7 acordam melhorar a partilha de investigações

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