"A retoma económica, movida pelo turismo, está a atrasar-se devido à conjuntura pandémica internacional, mas também à situação interna prevalecente", disse Avelino Lopes, vincando que "o crescimento em 2021 deverá ser muito tímido e a recuperação da recessão de 2020 levará alguns anos".
Falando na conferência online sobre "A Pandemia da Dívida: Que Impactos para Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique?", o antigo governante disse que Cabo Verde "está a sofrer o duplo efeito do aumento do stock da dívida e do decréscimo do PIB" e apontou que o rácio da dívida sobre o PIB estava nos 152% no início do ano, o valor mais elevado em toda a África subsaariana.
Na conferência, organizada pela Associação para a Cooperação Entre os Povos (ACEP) e a Plataforma Portuguesa das ONG para o Desenvolvimento, Avelino Lopes defendeu que "a menos que o país consiga uma generosa renegociação, que inclua o perdão e o reescalonamento, a pandemia da dívida irá condicionar o crescimento económico e a recuperação dos ganhos sociais perdidos ao longo de toda a década".
A riqueza deste arquipélago africano lusófono "cresceu 5,3% por ano nos últimos quatro anos, em média, mas a recessão de 15,55%, no ano passado, fez com que fosse um dos mais afetados do mundo", com um impacto muito grande no turismo, no investimento direto estrangeiro, na ajuda pública ao desenvolvimento e nas remessas de emigrantes.
"A queda de turistas no ano passado foi de 78,2%, e só não foi praticamente total porque nos primeiros três meses o país ainda esteve aberto ao turismo internacional", explicou o antigo ministro da Economia.
África registou mais 388 mortos devido à covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando 133.174 óbitos, e mais 12.852 casos, com o número de infetados a subir para 4.951.177, segundo os dados oficiais mais recentes.
O primeiro caso de covid-19 em África surgiu no Egito, em 14 de fevereiro de 2020, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsaariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.739.777 mortos no mundo, resultantes de mais de 173,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Leia Também: Ilha de São Vicente volta a ter voos da Cabo Verde Airlines em julho