Cortiça motiva queda de 3,7% em valor da produção silvícola em 2019
A produção silvícola diminuiu 3,7% em valor e 5,3% em volume em 2019, mantendo a queda iniciada em 2015, dinamizada por quedas na produção de cortiça e de serviços silvícolas, divulgou o Instituto Nacional de Estatística (INE).
© Corticeira Amorim
Economia INE
Em 2019, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) da silvicultura diminuiu 6,5% em volume e 4,2% em valor, tendo o peso relativo do VAB da silvicultura na economia nacional decrescido para 0,4%, o mais baixo desde 2009, segundo as contas económicas da silvicultura, hoje divulgadas pelo INE.
Em termos nominais, a produção diminuiu 3,7%, sendo "determinantes" para esse resultado as quedas dos valores da produção da cortiça (-17,4%) e dos serviços silvícolas (-4,7%), embora em volume o decréscimo, de 5,3%, resulte de descidas na generalidade dos bens, como a madeira para serrar (-6,4%), cortiça (-14,0%) e serviços silvícolas e de exploração florestal (-4,6%).
Em valor, a produção diminui em 2019 (-3,7%), o que o INE diz refletir "fundamentalmente" o decréscimo da cortiça, de 17,4%, e dos serviços silvícolas, de 4,7%, e, em sentido oposto, a produção total de madeira aumentou 4,1% em termos nominais.
O INE, na mesma publicação, lembra os aumentos de 2018, em volume, "excecionais" na produção da generalidade dos produtos silvícolas, refletindo os efeitos imediatos dos grandes incêndios florestais de 2017, mas explica ser em consequência dessa anormal produção em 2018, que os cortes e remoções de madeira de pinheiro-bravo e os serviços silvícolas diminuíram em 2019.
Quanto à cortiça, foram as condições climatéricas registadas em algumas regiões do país em 2019 que condicionaram a campanha e as quantidades extraídas, ressalvando o instituto que, contrariamente a este cenário geral, a madeira para energia ('pellets', 'briquets' e lenhas tradicionais) aumentou 12,6%, em resultado da atividade da indústria de 'pellets'.
"Em termos estruturais, verificou-se que a madeira para triturar voltou a assumir o lugar de produto com maior importância relativa trocando de posição com a cortiça, tendo o respetivo peso relativo aumentado três pontos percentuais em 2019", escreve o instituto.
A produção de madeira diminuiu 1,4% em volume e aumentou 4,1% em valor, tendo sido a evolução da madeira para energia que atenuou os efeitos do decréscimo de volume na madeira para serrar e triturar, ao aumentar 12,6% em 2019, em consequência da reativação de fábricas danificadas durante os incêndios de 2017.
O INE diz ainda que a madeira para serrar, constituída principalmente por pinheiro-bravo, continua a revelar-se insuficiente como matéria-prima da indústria de serração, dada "a redução da área destes povoamentos por dificuldade de regeneração ou escassez de novas plantações".
Em 2019, a área ardida de pinheiro-bravo foi superior a 2018 e cerca de metade das árvores apresentaram um diâmetro do tronco demasiado reduzido para poderem ser utilizadas, estimando o INE que a produção de madeira para serrar tenha registado um decréscimo do volume (-6,4%) e, dado o aumento do preço numa situação de escassez da oferta, o valor foi superior a 2018 (+0,1%).
"A falta de madeira para abastecer fábricas de embalagens, de mobiliário e construção deu origem a um aumento da importação de madeira serrada e consequente agravamento do respetivo saldo deficitário (-28,2 milhões de euros em 2019 e -32,7 milhões de euros em 2020)", lê-se na publicação.
Em 2020, o saldo da balança comercial dos produtos de origem florestal registou um excedente de 2,3 mil milhões de euros, menor que os 2,6 mil milhões de euros registados em 2019, tendo os produtos à base de cortiça constituído o grupo com maior destaque, com um excedente comercial de 892 milhões de euros em 2020.
Segundo o INE, as exportações de materiais e produtos industriais de origem florestal mantiveram em 2020, quando começou a pandemia covid-19, o peso relativo de 8,6% na exportação total de bens.
Quanto às ajudas pagas à atividade silvícola, como subsídios ao produto, outros subsídios à produção e transferências de capital, o INE diz ter havido em 2019 um decréscimo de 13,9%, após dois anos consecutivos de aumentos, e que os montantes classificados em subsídios, que incluem o prémio à manutenção e o prémio por perda de rendimento, decresceram 19,4%.
O decréscimo nominal de 4,2% do VAB e de 21,7% dos outros subsídios à produção concorreu negativamente para o rendimento empresarial líquido (REL) da silvicultura e exploração florestal em 2019, que diminuiu 6,5%, atingindo o valor mais baixo desde 2010, segundo o INE.
Numa análise comparativa entre Estados membros da União Europeia (UE), em 2018, último ano com informação disponível para a União Europeia, Portugal posicionou-se em 11.º lugar em termos de peso relativo do VAB da silvicultura e exploração florestal no VAB da economia nacional (0,5%), superando países como Espanha (0,1%), Itália (0,1%) ou França (0,2%).
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