"Os problemas têm sido colocados sob a forma de homilia. Tanto a ANA como o Governo apresentam bonitos powerpoints sobre o Montijo, em situações que não permitem qualquer discussão", afirmou Carlos Matias Ramos, na conferência digital sobre o novo aeroporto de Lisboa, organizada pela Ordem dos Engenheiros.
Para o antigo responsável do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), a estratégia para os transportes constitui um "desafio, uma oportunidade e uma necessidade", sendo determinante para as "regiões periféricas".
Contudo, esta estratégia implica um plano estratégico e não "planos e planinhos à medida que os problemas vão aparecendo", acrescentou.
O também professor da Universidade Lusófona disse que a escolha do espaço para a infraestrutura tem sido baseada num "conjunto de falácias".
Relativamente à base aérea número 6, Carlos Matias Ramos defendeu que "tinha de ser totalmente reformulada", implicando elevados custos e um longo período de execução.
No que concerne ao Campo de Tiro de Alcochete, lembrou que o respetivo plano de financiamento, elaborado pelo BPI em 2009, não previa qualquer comparticipação do Estado, ficando o candidato à construção responsável pela despesa, recuperando o investimento através de um período alargado de operação.
Em termos de segurança e saúde pública, a solução Montijo vai afetar mais 35.000 pessoas e agravar a situação em Lisboa, enquanto o Campo de Tiro de Alcochete iria introduzir ruído para apenas mais 400 habitantes, notou.
A conferência ficou marcada por vários problemas técnicos, que impediram a normal transmissão das intervenções, e, após várias tentativas, não voltou, até ao momento, a ser retomada.
Em 08 de janeiro de 2019, a ANA -- Aeroportos de Portugal e o Estado assinaram o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa e transformar a base aérea do Montijo num novo aeroporto.
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