"Já selecionámos 230 projetos que serão apresentados no Fórum de Investimento em África, no valor de 208 mil milhões de dólares [174 mil milhões de euros], que beneficiarão das vantagens do acordo de livre comércio", no final do ano, na África do Sul, disse Akinwumi Adesina no discurso na sessão de abertura dos Encontros Anuais, que decorrem até sexta-feira a partir de Abidjan.
Passando em revista o impacto da pandemia, Adesina disse que "tudo está diferente" e lembrou, por exemplo, que em 2019 cinco das seis economias em mais rápido crescimento eram africanas.
Dois anos depois, o continente enfrentou uma recessão de 1,9% no ano passado e uma recuperação prevista de 3,4% este ano, abaixo do crescimento da população, o que significa um empobrecimento das populações.
"As perdas no Produto Interno Bruto (PIB) são de até 190 mil milhões de dólares [160 mil milhões de euros], e os países de baixo rendimento vão precisar de 245 mil milhões de dólares [205 mil milhões de euros] até 2030, enquanto toda a África subsaariana precisará de 425 mil milhões de dólares [355 mil milhões de euros] até 2030 para recuperar da pandemia", vincou Adesina.
Elogiando as decisões do Fundo Monetário Internacional (FMI), G20 e G7 relativamente ao apoio financeiro ao continente, nomeadamente a disponibilização de 100 mil milhões de dólares (83 mil milhões de euros) do total de 650 mil milhões de dólares (544 mil milhões de euros) resultantes da emissão de Direitos Especiais de Saque (DES), o presidente do BAD disse que a este envelope financeiro tem de corresponder um aumento da responsabilidade dos países.
"Este não é um cheque em branco, a resolução da dívida deve ser acompanhada de uma gestão pública mais transparente dos recursos, um aumento da mobilização dos recursos internos e uma nova abordagem ao modelo de crescimento económico", concluiu.
Os Encontros Anuais do BAD decorrem de quarta a sexta-feira em formato virtual, dedicados ao tema "Construindo Economias Resilientes na África Pós-Covid", e vão fornecer uma plataforma para os governadores partilharem a experiência dos seus países na gestão da pandemia e nas medidas políticas que estão a implementar para reconstruir as economias, segundo a organização.
O BAD é uma entidade financeira multilateral vocacionada para financiar o desenvolvimento, cujos acionistas são os governos africanos e outros países não regionais, como por exemplo Portugal.
África contabiliza 137.695 mortos devido à covid-19 e 5.212.840 de casos, de acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.884.538 mortos no mundo, resultantes de mais de 179 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Leia Também: BAD e BERD assinam acordo para impulsionar investimentos privados