Segundo dados avançados à agência Lusa pelo Governo dos Açores, de 01 a 29 de junho, 52.400 passageiros viajaram pelas ilhas 'à boleia' da tarifa Açores, iniciativa que entrou em vigor em 01 de junho e fixa em 60 euros o preço máximo de uma passagem aérea entre ilhas açorianas para residentes.
Mariana Teixeira, de 23 anos, foi um desses passageiros, que aproveitou as passagens para viajar entre São Miguel e a ilha Terceira entre 03 e 06 de junho.
"Apetecia-me sair da minha ilha para celebrar o meu aniversário. Com essas passagens a 60 euros acaba por ser mais fácil ir para uma ilha e é muito mais fácil conhecermos o resto do arquipélago", contou à agência Lusa.
A jovem já conhecia a ilha Terceira, mas reconhece que foi o "preço acessível" da Tarifa Açores que a motivou a viajar com um amigo no início do mês.
Apesar de algumas "complicações burocráticas" para conseguir marcar a passagem a 60 euros, "acabou tudo resolvido".
"Acho a medida importante. Antes disso, mais facilmente íamos para Lisboa porque saía mais barato do que ir, por exemplo, a Santa Maria ou à Terceira. Se somos um arquipélago acho importante estarmos todos juntos. É importante termos facilidade de acesso a todas a ilhas", assinalou.
No caso de Maria Pereira, natural de São Miguel, a viagem interilhas só vai acontecer no "início de agosto". Será uma estreia, uma vez que nunca esteve noutra ilha açoriana sem ser a sua, apesar de já ter conhecido Espanha, França e "quase todo" Portugal continental.
"Só conhecia a minha ilha. Muito por causa dos preços exorbitantes que tínhamos para ir de uma ilha para outra dentro do mesmo arquipélago. Acabei por conhecer mais outros países da Europa do que o nosso próprio arquipélago", afirmou a psicóloga.
E, entre risos, concluiu: "agora com a tarifa vou conhecer outras ilhas, há 28 anos que estou aqui e não conheço".
A "primeira opção" de Maria era conhecer a ilha das Flores, mas acabou por marcar passagem para São Jorge, porque aquela ilha do grupo Ocidental "está sem alojamentos disponíveis".
Para conseguir a passagem, Maria Pereira teve de ligar para o 'call center' da companhia área SATA às 07:00, depois de ter tentado "várias vezes" o contacto, mas sem sucesso.
"Como muita gente estava a ligar, não conseguiam dar resposta, estava uma loucura", recordou.
Sobre a iniciativa de baixar os preços e fixar um valor para as viagens entre o arquipélago, Maria Pereira disse ser "completamente a favor".
"O que tenho a dizer é: finalmente. Não fazia sentido num arquipélago termos viagens para uma ilha, por exemplo, São Jorge, que fica a 50 minutos, a 100 ou 200 euros. Dentro do mesmo arquipélago termos estes valores não fazia sentido", apontou.
Também André Nicolau aproveitou a tarifa, mas não por razões turísticas. O jovem de 24 anos, natural de São Miguel, formado em História, está a realizar um estágio profissional na ilha Terceira.
Com passagens interilhas a 60 euros "é bem mais confortável" para André Nicolau regressar a São Miguel, como fez em meados de junho para ir ao casamento da irmã.
"A tarifa Açores é um importante meio para nós chegarmos a um fim que é o de maior coesão ao nível da região autónoma", defendeu.
Segundo dados divulgados pelo executivo açoriano à Lusa, desde 01 de junho e até 31 de outubro, para as viagens interilhas, à exceção de São Miguel e Terceira (as mais populosas), o Pico é a ilha com mais lugares reservados (12.128), seguido do Faial (6.673), São Jorge (6.633), Santa Maria (6.432) e as Flores (5.894).
A Tarifa Açores, uma das grandes bandeiras do executivo regional, liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, foi anunciada, em 31 de março, pelo secretário regional dos Transportes, Turismo e Energia, Mário Mota Borges, considerando que 01 de junho seria "uma data histórica para a mobilidade nos Açores".
Logo no primeiro dia de vendas, foi anunciado que a tarifa Açores registou perto de três mil reservas.
A tarifa de 60 euros para o transporte aéreo interilhas foi defendida pela primeira vez pelo PSD/Açores em junho de 2020, quando o partido estava na oposição.
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