BCE admite repartição de dividendos na banca a partir de outubro

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse hoje que, devido à "melhoria das perspetivas económicas", a recomendação contra repartição de dividendos na banca poderá expirar no final de setembro, admitindo distribuição em outubro.

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Lusa
01/07/2021 10:32 ‧ 01/07/2021 por Lusa

Economia

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"O Conselho Geral [...] observou que, se as condições económicas e do setor financeiro não se deteriorarem, a nossa recomendação sobre a restrição das distribuições que inclui os dividendos durante a pandemia de covid-19 poderá caducar no final de setembro de 2021", declarou Christine Lagarde, falando por videoconferência numa audição da comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu.

A responsável justificou que "a melhoria das perspetivas económicas, graças aos rápidos progressos nas campanhas de vacinação, reduziu a probabilidade de cenários graves", numa altura em que mais de 60% dos adultos europeus recebeu pelo menos uma dose da vacina anticovid-19.

A questão da distribuição de dividendos nos bancos será analisada pelo Conselho Geral do BCE na próxima reunião, de 23 de setembro, depois de o banco central ter solicitado às instituições financeiras da zona euro que se abstivessem ou se limitassem na repartição de lucros até 30 de setembro deste ano, devido à instabilidade económica criada pela pandemia.

Em concreto, o banco central pediu que, a existir distribuição de dividendos neste período, não fosse superior a 15% dos lucros acumulados entre 2019 e 2020.

Situação essa que Christine Lagarde admite ser revertida a partir de outubro.

"É claro que a recuperação em curso ainda acarreta incerteza, também devido à propagação de mutações do vírus", assinalou a responsável, numa altura em que a variante Delta -- detetada na Índia e mais transmissível que qualquer outra -- se continua a propagar no espaço comunitário.

De acordo com a responsável, as "preocupações" do BCE incidem então, nesta "fase atual da pandemia", sobre "a instabilidade financeira ou a passagem de riscos de liquidez no setor empresarial não financeiro para vulnerabilidades nas contas nesse mesmo setor".

"O forte crescimento dos empréstimos na fase inicial da pandemia, suportado por generosas medidas de apoio à liquidez, resultou num maior endividamento das empresas. Isto é especialmente verdade para as pequenas empresas e, claro, para os setores vulneráveis", observou Christine Lagarde.

Por isso, "é importante evitar que a combinação de dívidas elevadas e lucros mais fracos, especialmente nos setores mais duramente atingidos pela crise, conduza a insolvências de empresas que são viáveis a médio prazo", vincou.

"Caso contrário, isto poderá impulsionar os custos económicos desta crise e, como segundo efeito direto, aumentar o risco para as carteiras de empréstimos bancários", alertou a responsável.

Christine Lagarde adiantou ser "igualmente importante lidar eficazmente com as insolvências de empresas viáveis, para que os recursos possam ser reafetados de forma mais produtiva e rápida".

"Ainda estamos à frente da curva no que respeita às vulnerabilidades relacionadas com a dívida de empresas não financeiras", concluiu.

Leia Também: Desemprego fixa-se nos 7,9% na zona euro e nos 7,3% na UE em maio

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