Serviço de gestão de resíduos do Grande Porto cresce em ano de pandemia
O volume de negócios da Lipor -- Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto cresceu oito milhões de euros em 2020 face ao ano anterior, anunciou hoje fonte oficial.
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Economia LIPOR
"Temos um volume de negócios à volta dos 48 milhões de euros (ME). Para nós, é um resultado bastante interessante, porque estamos a falar de um ano com covid-19", avançou hoje à agência Lusa o presidente do Conselho de Administração da Lipor, Aires Pereira, durante a apresentação do "Relatório Integrado 2020", que decorreu hoje em Baguim do Monte, Gondomar, no distrito do Porto.
Questionado pela Lusa sobre as razões deste aumento num ano de pandemia da covid-19, Aires Pereira apontou várias razões, designadamente o aumento de resíduos nos domicílios, porque as pessoas ficaram mais tempo em casa e tiveram de fazer mais refeições ou aquecer mais comida pré-embalada.
"Na área dos resíduos [urbanos], a Lipor esteve sempre ativa e teve quer um maior volume de resíduos para tratar, quer sobre o ponto de vista daquilo que são os nossos produtos, nomeadamente do que resulta da nossa central de compostagem, o nutrimais (corretivo agrícola orgânico, proveniente da compostagem de matérias-primas separadas na origem), que é um adubo que também teve uma penetração substancial no mercado, quer pela venda dos nossos materiais reciclados que tivemos um aumento significativo, porque montámos mais uma linha de triagem por força daquilo que é o maior afluxo de materiais para reciclagem", disse.
O resultado líquido (lucro) positivo da Lipor em 2020 foi de 3.399 MEuro, o que corresponde a um crescimento face aos resultados de 2019 (1.922 MEuro), demonstrando a "capacidade de resposta que a organização teve num ano previsivelmente desafiante, mas no qual foi ainda necessário dar resposta a todos os condicionamentos criados pela crise pandémica que o mundo enfrenta", lê-se no Relatório Integrado 2020, a que a Lusa teve acesso.
"Esta evolução positiva no resultado líquido teve origem, essencialmente, no crescimento, embora ligeiro, do EBITDA (sigla em inglês para designar lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), e numa diminuição dos custos com amortização e juros e gastos similares face ao ano de 2019.
A estratégia da Lipor de recolha de resíduos urbanos porta-a-porta -- que cobre atualmente 80 mil fogos - e o desvio que o serviço intermunicipalizado tem vindo a fazer da central de valorização energética daquilo que são "produtos que são suscetíveis de ser valorizados, como por exemplo a recolha de biorresíduos e a recolha dos três fluxos principais, que são a recolha de plástico, papel, metais e vidro", também ajudaram a um "aumento significativo do volume de negócios" no ano de 2020, acrescentou o presidente do Conselho de Administração.
Em conferência de imprensa, Aires Pereira lembrou que a Lipor cobre oito municípios do Grande Porto (Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo e Vila do Conde), o que corresponde a cerca de um milhão de cidadãos.
"Recebemos e tratamos 500 mil toneladas de resíduos. Correspondemos a 1% da área geográfica, 10% da população do país e representamos nesta área dos resíduos urbanos 12%. Somos hoje a maior associação pública [de Portugal] na área dos resíduos", sustentou.
O modelo de negócio da Lipor é "circular", ou seja, tem uma estratégia integrada que "permite obter e estar em consonância com aquilo que são os principais eixos orientadores do Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU 2020)", explicou Aires Pereira.
Segundo o responsável, a Lipor atingiu todas as metas nacionais traçadas.
"O país continua a depositar praticamente 58% dos resíduos que recolhe em aterro e nós [Lipor], em 2020, não chegámos aos 2% dos resíduos depositados em aterro. A meta nacional está nos 10%. O país está muito longe dessa meta, mas a Lipor está a menos de 2% de deposição de resíduos em aterro", explicou.
Para o futuro e com o PERSU 2020+, que é o novo documento ao qual a Lipor está vinculada e que é o instrumento que o Governo aprova, Aires Pereira avançou que o serviço pretende continuar a aumentar a "sensibilização e educação ambiental", bem como a desenvolver "a otimização das estruturas existentes" e a "ampliação da capacidade de valorização" das instalações.
Em termos de resíduos orgânicos tratados em 2020, ano em que as cantinas e a restauração, entre outras atividades, estiveram praticamente fechadas, a Lipor tratou mais de 49 mil toneladas de resíduos na central de compostagem, um valor que deu origem a uma produção de mais de 10 toneladas de nutrimais, o produto biológico que resulta da valorização orgânica e é aplicado na agricultura e um dos "produtos mais importantes que colocam no mercado", referiu Aires Pereira.
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