Leão mantém otimismo em crescimento acima dos 4% apesar da incerteza

O ministro das Finanças, João Leão, reiterou hoje, em Bruxelas, o otimismo do Governo num crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português este ano acima dos 4%, apesar das incertezas no setor do turismo devido à pandemia.

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Lusa
13/07/2021 14:31 ‧ 13/07/2021 por Lusa

Economia

Leão

 

Numa conferência de imprensa em Bruxelas, após participar num Conselho Ecofin no qual o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) português foi formalmente aprovado, Leão, questionado sobre as recentes previsões económicas de verão da Comissão Europeia -- que apontam para um crescimento de Portugal este ano na ordem dos 3,9%, abaixo da média europeia -, preferiu destacar a previsão de crescimento no conjunto de 2021 e 2022, de 9%, e disse acreditar que este ano o valor pode ficar acima daquele inscrito pelo Governo no programa de estabilidade, de 4%.

"Apesar das incertezas que ainda decorrem da pandemia, estamos otimistas que podemos crescer acima do previsto, acima dos 4%", disse, explicando que a dinâmica no "mercado interno" nacional e também a nível de exportações de bens poderá compensar uma retoma mais lenta do que o previsto no setor do turismo e viagens internacionais, particularmente afetado pela persistência da pandemia da covid-19.

"Por um lado, o mercado interno tem resistido muito bem: neste momento, o consumo das famílias está a evoluir muito positivamente, e a informação que temos, de alguns indicadores, é que o consumo já está superior ao valor pré-pandemia, portanto ao valor de 2019", começou por apontar.

Ainda ao nível do mercado interno, prosseguiu, "o investimento em construção também tem estado a evoluir muito positivamente, com o consumo, por exemplo, de cimento a aumentar cerca de 20% face ao valor pré-pandemia, 2019".

"E, por outro lado, nas exportações, na parte que toca às exportações de bens, também estão a crescer a ritmos bastante significativos, próximos dos 10%, e já estão também acima dos valores pré-pandemia", complementou.

O ministro das Finanças admitiu que a "recuperação mais lenta" está a verificar-se no setor do "turismo e viagens internacionais, que neste momento está a recuperar, mas de forma mais gradual e é também onde haverá mais incerteza sobre o grau de recuperação".

"Mas estamos convencidos de que, no cômputo global, poderemos crescer acima dos 4%", disse, reiterando uma convicção já expressa em 30 de junho passado, por ocasião da cimeira da recuperação celebrada em Lisboa, no último dia da presidência portuguesa do Conselho da UE, numa altura em que a situação epidemiológica em Portugal já tinha voltado a agravar-se.

João Leão sublinhou que, "em 2020, Portugal, dentro do contexto dos países do sul da Europa, muito expostos ao turismo, foi o país que teve melhor desempenho relativo", tendo o crescimento no primeiro trimestre deste ano sido afetado pelo "confinamento muito exigente em Portugal".

Todavia, reforçou, o Governo prevê, "e a Comissão Europeia também, que no próximo ano Portugal cresça mais que a UE, e que faça com que, no conjunto destes dois anos, 2020 e 21, a economia portuguesa cresça 9%, o período de maior crescimento deste século, destes últimos 20 anos".

Nas previsões económicas de verão divulgadas na semana passada, em 07 de julho, a Comissão Europeia manteve as projeções para o ritmo de recuperação da economia portuguesa, estimando, tal como na primavera, um crescimento de 3,9% este ano e de 5,1% no próximo, apesar do agravamento da situação epidemiológica no país.

O executivo comunitário considera que "a economia portuguesa está no bom caminho para uma boa recuperação a partir do segundo trimestre de 2021", apesar de o ritmo da retoma ter sido atenuado pelo restabelecimento parcial de restrições temporárias em junho devido ao aumento de casos de covid-19.

Em 30 de junho passado, o ministro de Estado e das Finanças já dissera que a incerteza associada ao setor do turismo está a ser compensada por outros setores da economia nacional, que poderão permitir um crescimento do PIB português superior a 4% este ano, embora sem especificar se mantém a expectativa de poder chegar aos 5%, como antecipou, em entrevista à Lusa, em maio.

Leia Também: Aprovação de planos permite "voltar a colocar economias no bom caminho"

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