Em causa está a decisão do Governo em abrir um concurso, em setembro, para a conversão da central a carvão, que será desativada, um processo que gerou desacordo entre o sócio maioritário, a TrustEnergy, e a Endesa, segunda maior acionista.
"A posição da TrustEnergy é que o ponto que o Governo pretende colocar a leilão pertence por direito à Tejo Energia", defendeu o consórcio constituído pelos franceses da Engie e os japoneses da Marubeni, que detém 56% da central do Pego (a Endesa controla 44%) e que divulgou, em 17 de maio, um projeto de 900 milhões de euros para a conversão da central.
Numa nota enviada à Lusa, a TrustEnergy quis ainda esclarecer declarações feitas na Comissão do Ambiente, Energia e Ordenamento do Território, no parlamento, esta quarta-feira.
"Foi referido na acima mencionada comissão que a conversão da central para queima de biomassa torrificada não ocorrerá logo após o fim da queima a carvão, mas tal não é factual, pois esta unidade poderá começar a funcionar com biomassa torrificada produzida numa instalação de torrefação já existente em Portugal enquanto a cadeia logística de fornecimento de resíduos florestais locais não se estabelece", garantiu.
A TrustEnergy acrescenta que apresentou, "em fevereiro, ao Governo português um projeto faseado que garante a continuidade da operação com início na substituição do carvão por biomassa torrificada até à produção de metano verde, passando por produção de energia fotovoltaica e eólica, como também hidrogénio verde".
"A solução que a TrustEnergy preconiza, com a utilização de resíduos florestais, irá contribuir para uma melhor gestão da paisagem na região onde está instalada a Central, aportando valor para a otimização da economia da floresta na região, contribuindo para a redução de incêndios florestais, numa região frequentemente assolada pelos mesmos. Esta proposta representa também a manutenção da atividade da Central do Pego, com a manutenção de postos de trabalho, bem como a vitalidade da economia local", defendeu o presidente executivo da TrustEnergy, José Grácio, citado no comunicado.
O Ministério do Ambiente anunciou hoje que vai ser criada uma comissão para avaliar os projetos concorrentes ao ponto de injeção na rede elétrica pública da central do Pego, com representantes locais e dos trabalhadores.
"O Ministério do Ambiente e da Ação Climática está em conversações com o município de Abrantes, com a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo e com os representantes dos trabalhadores, de forma a acautelar as diversas preocupações na preparação do procedimento concorrencial", esclareceu o Governo, em comunicado.
A TrustEnergy, por sua vez, destacou que o seu projeto de 900 milhões de euros "assegura a continuidade da Tejo Energia, e isso mesmo foi já assumido, por escrito, junto das entidades competentes. A TrustEnergy tem a maioria de 56% do capital da Tejo Energia e para o projeto avançar e assegurar a continuidade da Central do Pego não precisa de um cenário de unanimidade para tomar decisões".
Em declarações à Lusa, em 28 de maio, Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal, explicou que a empresa espanhola não se entendeu com a TrustEnergy, e contrapõe com um investimento de 600 milhões de euros que "inclui a construção de uma central solar fotovoltaica de 650 megawatts (MW), o desenvolvimento de 100 megawatts (MW) de capacidade de armazenamento com baterias e a instalação de um eletrolisador com capacidade de produção de 1.500 toneladas/ano de hidrogénio verde", apelando ao lançamento de um concurso.
Já a TrustEnergy acredita que as soluções que apresentou "estão em sintonia com a própria estratégia nacional de descarbonização recentemente anunciada pelo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes", recordando que "foi pedido à Tejo Energia que apresentasse um projeto que fosse um contributo nesse sentido, tendo o Governo solicitado, no passado dia 17 de maio, a apresentação até ao final do mês de julho de 2021 de um projeto para o futuro da Central".
"A Tejo Energia deu resposta positiva a esta solicitação a 2 de junho, com o pedido formal à Direção Geral de Energia e Geologia para substituição da licença de operação da central a carvão para biomassa torrificada, e tem em fase de finalização a apresentação do referido projeto para ser submetido dentro do prazo requerido", indicou.
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