Num artigo sobre a heterogeneidade do impacto económico da pandemia na zona euro, Philip Muggenthaler, Joachim Schroth e Yiqiao Sun advertem que "o risco de repercussões nos países mais atingidos permanece elevado" e que poderá haver "divergências de crescimento mais duradouras no futuro" devido a diferenças no ritmo de reafetação setorial e na margem de manobra orçamental.
Mas os economistas também esperam que o programa de ajuda da Próxima Geração da União Europeia (UE) ("Next Generation EU", o fundo de 750 mil milhões de euros aprovado pelos líderes europeus em julho de 2020 para a recuperação económica da UE da crise provocada pela pandemia de covid-19) ajude a reduzir o alargamento das divergências económicas porque favorece os países que sofreram maiores perdas económicas como resultado da pandemia e afirmam que, em geral, o impulso orçamental tem tendido a ser proporcional às perdas do PIB.
No primeiro trimestre de 2021, o PIB real da zona euro estava 4,9% abaixo do nível pré-pandemia, depois de um declínio de 6,5% em 2020.
O PIB real no primeiro trimestre de 2021 estava ainda muito abaixo dos níveis pré-pandemia em todos os países, exceto Estónia (3,4%), Irlanda (13,2%), Lituânia (1,1%) e Luxemburgo (3,2%).
Em contrapartida, Espanha, Itália, Malta, Áustria e Portugal registaram a queda mais acentuada do PIB real, com as maiores quedas em Portugal e Espanha (9,1% e 9,3%, respetivamente).
"Estes países foram fortemente afetados pela proibição de viagens internacionais, dada a importância particular do setor do turismo para a sua atividade agregada", dizem os economistas do BCE.
Na Alemanha, Bélgica e Países Baixos, o declínio do PIB real foi inteiramente atribuível ao consumo privado, mas o setor externo foi resiliente graças às exportações.
A Finlândia, Estónia, Lituânia e Letónia aplicaram as medidas menos rigorosas durante a pandemia, enquanto a Itália, Espanha e Portugal implementaram medidas severas.
A comparação com os níveis pré-pandemia varia entre +13,2% (Irlanda) a -9,3% (Espanha).
O forte crescimento da Irlanda reflete a evolução em setores dominados por multinacionais estrangeiras.
A pandemia de covid-19 gerou novas divergências, atingindo "mais fortemente os países que estão abaixo da média da zona euro em termos de rendimento 'per capita' do que os que estão acima", de acordo com os economistas do BCE.
Na Alemanha, Países Baixos e outros países acima da média da zona euro, com exceção da Áustria, o nível de vida deteriorou-se em menos ou tanto como a média.
Mas nos países abaixo, nomeadamente Grécia, Itália, Espanha e Portugal, a deterioração tem sido maior.
Em contrapartida, os países que aderiram à zona euro entre 2007 e 2015, com exceção de Chipre e Malta, continuaram a fazer progressos na convergência para a média da zona euro, apesar da pandemia.
Os economistas afirmam ainda que "a crise financeira global e a crise da dívida soberana da zona euro levaram a divergências consideráveis entre países" entre 2008 e 2014, seguidas de um processo de convergência.
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