Pandemia mudou economia dos EUA para sempre, diz Jerome Powell

O presidente da Reserva Federal (Fed), Jerome Powell, defendeu que a economia dos EUA foi mudada para sempre pela pandemia do novo coronavirus e que é importante o banco central adaptar-se a estas mudanças.

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© REUTERS/Joshua Roberts/Pool

Lusa
18/08/2021 06:17 ‧ 18/08/2021 por Lusa

Economia

Reserva Federal

 

Numa videoconferência com professores e estudantes realizada na terça-feira nos EUA, Powell disse que, apesar de ainda não ser claro se a variante delta do novo coronavirus vai ter mais impacto na economia, o país já viu alterações significativas desde que a pandemia começou a fechar o país, em março de 2020.

Estas mudanças vão desde o aumento do teletrabalho, à maior oferta de refeições 'take-away' por parte dos restaurantes ou aos agentes imobiliários, que mostram casas de forma virtual, exemplificou.

Muitas empresas já fizeram investimentos relevantes em tecnologia para se adaptarem aos desafios que a pandemia colocou.

"Parece que é certo que vai haver substancialmente mais trabalho remoto daqui para a frente", disse Powell. "Isto vai mudar a natureza do trabalho e a forma como é feito", avançou.

"Nós não vamos voltar à economia que tínhamos antes da pandemia, (...) precisamos de observar cuidadosamente a forma como a economia evolui através da pandemia, procurar entender como mudou e quais as implicações para a nossa política", declarou Powell.

Powell afirmou também que os investimentos pesados das empresas em novas tecnologias significam que vai haver mais empregos no futuro associados a essa tecnologia, mas também perdas potenciais de empregos em setores focados nos contactos interpessoais. Realçou que alguns desses setores podem evoluir para "um modelo automatizado, de não contacto".

Esta tendência já se está a ver na informação sobre os empregos, com a recuperação mais lenta nas indústrias que assentam na interação pessoal, como viagens, entretenimento e hotelaria. Estes são empregos desproporcionadamente ocupados por mulheres e pessoas de cor e que pagam baixos salários, detalhou Powell.

"Pode ser que algumas dessas pessoas passem tempos difíceis a procurar regressar ao mercado de trabalho, sem mais educação nem formação", preveniu. Powell acentuou ainda que há milhões de pessoas que perderam empregos no setor de serviços e que permanecem fora do mercado de trabalho, pelo que precisam de ser apoiadas.

"Esta é uma parte da recuperação que está longe de estar completa", disse.

Dirigindo-se aos estudantes e professores da sua audiência, Powell disse que a pandemia pode vir a constituir um ponto de inflexão histórica, permitindo à atual geração de estudantes tornar as lições aprendidas em "profundos instrumentos de mudança".

Os estudantes que viveram através da pandemia vão ver o mundo de forma diferente, previu.

"Vocês viram a queda de um mundo, mas também viram um mundo em rápida mudança -- por vezes, mais durante uma semana do que alguns de nós experimentaram ao longo de décadas", comparou.

"Este é um tempo extraordinário e acredito que vai resultar numa extraordinária geração", disse Powell.

Esta é uma iniciativa que foi iniciada por Ben Bernanke, um dos antecessores de Powell no cargo, e continuada por Janet Yellen, a anterior presidente da Fed e atual secretária do Tesouro. O objetivo é ilustrar a importância do ensino de Economia.

Leia Também: Joe Biden confia na Reserva Federal para controlar a inflação

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