Covid-19: Governo vai apostar no apoio ao investimento das empresas

O secretário de Estado adjunto e da Economia disse hoje que o Governo nunca "limitou apoios" à economia "quando a situação era difícil" e que, face aos atuais "sinais positivos", vai agora concentrar-se em apoiar o investimento e promoção internacional.

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Lusa
19/09/2021 13:49 ‧ 19/09/2021 por Lusa

Economia

João Neves

 

"Não limitámos os apoios quando a situação era difícil. Agora estamos a passar para outro tipo de apoios, sobretudo ao investimento, e é aí que nos vamos concentrar. Quer no investimento do ponto de vista dos meios de produção, quer também da promoção internacional", afirmou João Neves em declarações aos jornalistas à margem da feira internacional de calçado Micam, em Milão, Itália.

Recordando que o Governo foi "prolongando os apoios à medida da evolução da situação epidémica", o secretário de Estado considerou que estes instrumentos "foram muito importantes para manter a capacidade de produção e limitar ao mínimo a redução de trabalhadores".

"Acho que fomos bem-sucedidos nisso, foi um esforço coletivo que não foi só do Estado, foi também das empresas", sustentou.

Contudo, acrescentou João Neves, os atuais "sinais positivos" a nível da evolução da pandemia justificam uma nova estratégia, agora focada no apoio à recuperação económica.

"É sobretudo aí que os apoios vão continuar e esse é o sinal que também podemos dar ao mercado internacional: Que as nossas empresas aguentaram este período difícil e estão prontas para aproveitar aquilo que é uma nova evolução positiva do consumo", rematou.

Para o presidente da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), Luís Onofre, a participação portuguesa nesta edição daquela que é considerada a maior feira de calçado do mundo é "uma lufada de ar fresco".

"Passados dois anos deste terrível tempo de pandemia, que foi extremamente exigente para as nossas empresas, é quase como uma lufada de ar fresco para muitas empresas nacionais do setor do calçado que insistem em vir, e muito bem, à Micam tentar novos negócios", disse Luís Onofre.

Após um primeiro semestre de 2021 "muito interessante" para o setor -- até julho as exportações aumentaram 10,3% face a 2020, embora se mantenham ainda 11,5% abaixo de 2019 -- o presidente da APICCAPS aponta "boas perspetivas" e antecipa que "poderá haver uma recuperação em 2023 muito interessante".

"Agora as empresas têm que ter resiliência. Sempre foram resilientes, mas [têm de o ser] cada vez mais, para se adaptarem aos novos tempos e hábitos de consumo completamente diferentes, mas a que temos que nos adaptar de alguma forma", disse.

Relativamente à bastante mais reduzida dimensão da comitiva portuguesa -- as 34 empresas presentes na Micam são cerca de um terço das que chegaram a marcar presença em edições pré-pandemia da feira -- Luís Onofre admite que esteja relacionado com o "investimento avultado" que está envolvido.

"A vinda de menos clientes, se calhar, também limita as participações", avança, lembrando que "há muitos [clientes] de fora da Europa que não vieram, nomeadamente os provenientes da Ásia, dos EUA e da Rússia, devido a restrições relacionadas com a pandemia.

"Falo por mim, que [enquanto empresário de calçado] também não estou presente na feira. Canalizei o 'budget' [orçamento] que tinha para outras situações, nomeadamente o 'online', onde estamos a apostar forte. E acho que há muitas que também estão a canalizar a sua energia para outras situações", sustentou.

Para o dirigente associativo, os fundos públicos devem agora canalizar-se para "os apoios às feiras, à internacionalização e à sustentabilidade": "Este é um tema em que o nosso setor tem estado em cima e é um dos pilares da minha presidência. Conseguimos fazer com que esta indústria seja uma indústria voltada para o futuro, no aspeto de ser 'eco friendly' [amiga do ambiente]", afirmou Luís Onofre.

Assumidamente "positivo", o líder da APICCAPS acredita numa "recuperação rápida" do setor e aponta 2023 como o ano da velocidade de cruzeiro, mas reconhece que não há "certezas", porque tudo está dependente da evolução da situação pandémica.

 

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