Sindicato defende aumentos para trabalhadores da grande distribuição
O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) defendeu hoje aumentos salariais para os 130 mil trabalhadores das empresas filiadas na APED e acusou a associação patronal de bloquear a revisão do contrato coletivo.
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Economia CESP
Esta sexta-feira, dirigentes e delegados sindicais do CESP (afeto à CGTP) concentram-se frente à sede do Pingo Doce, em Lisboa, a exigir resposta às propostas sindicais de revisão do contrato coletivo de trabalho, sobretudo aumento dos salários de todos os trabalhadores.
Em declarações à Lusa, a dirigente sindical Célia Lopes disse que o contrato coletivo de trabalho não tem qualquer alteração desde 2016 e que então a subida salarial foi reduzida, ficando bem aquém das pretensões sindicais. Pela tabela, explicou, um trabalhador de supermercado receberia hoje de valor máximo 626 euros, valor já ultrapassado pelo salário mínimo (atualmente 665 euros).
Segundo o CESP, 80% da tabela salarial do contrato coletivo de trabalho já está absorvida pelo aumento do salário mínimo (665 euros). Quanto a salários efetivos (já que há empresas que pagam acima do mínimo), ainda assim Célia Lopes estima que mais de 60 mil trabalhadores do total de 130 mil do setor ganhem o equivalente ao salário mínimo.
Já se em 01 de janeiro de 2023 for confirmada a promessa do Governo de subir o salário mínimo para 750 euros, nesse momento mais de 80% dos trabalhadores do setor ficam a receber o salário mínimo, estimou ainda a dirigente sindical.
Assim, o CESP considera claramente insuficiente a proposta da APED, feita nos primeiros meses deste ano, de fixar o salário dos trabalhadores especializados (topo de carreira) em 698,25 euros.
Tendo em conta que o salário mínimo nacional subiu 190 euros desde 2010, o CESP refere que se os salários da tabela salarial do contrato coletivo de trabalho tivessem evoluído no mesmo valor os milhares de trabalhadores operadores especializados estariam a receber 805 euros, mais 140 euros do que recebem atualmente (pois recebem o valor do salário mínimo).
O CESP considera ainda que o "que falta nos salários dos trabalhadores está nos lucros milionários que todos os anos estas empresas apresentam".
A APED representa as principais empresas de distribuição em Portugal, mais de 130 mil trabalhadores, caso de Pingo Doce, Modelo Continente, Auchan, Dia, El Corte Inglês, Fnac Portugal, IKEA Portugal, Intermarché, Lidl, entre muitos outros. No total, as empresas associadas da APED empregam mais de 130 mil trabalhadores.
O CESP diz ainda que se os sindicatos tivessem aceitado, em 2016, a intenção da associação patronal de pôr no contrato coletivo de trabalho o regime de bancos de horas a todos os trabalhadores, hoje esses teriam os horários ainda mais desregulados. Diz ainda o que não aceitará a redução do valor pago pelas horas extraordinárias.
Ainda assim, afirmou Célia Lopes à Lusa, há instrumentos que permitem às empresas flexibilizar o horário de trabalho, o que leva à desregulação de horários, com trabalhadores a receberem à noite (por mensagens no whatsapp) alterações ao seu horário do dia seguinte.
Segundo Célia Lopes, tal tem fortes implicações na vida familiar, desde logo com casos de trabalhadores que têm de escolher entre deixar filhos sozinhos em casa ou cumprir obrigações laborais para terem dinheiro para alimentar e cuidar dos filhos.
A dirigente sindical afirma que nos últimos anos têm abertos muitos supermercados de empresas como Pingo Doce e Sonae, mas que o número de trabalhadores se mantém, o que significa que há falta de trabalhadores e que os existentes estão "extenuados".
Célia Lopes recorda ainda que o setor tem milhares de trabalhadores a part-time, pelo que o salário fica bem abaixo dos que estão a tempo inteiro, e que mesmo estes têm horários desregulados, que os impedem também de encontrar segundos empregos.
A dirigente sindical disse ainda que, em abril, a APED se comprometeu em agendar uma reunião, mas que ainda continuam à espera de que o encontro aconteça.
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