"Os países de baixo rendimento que aderiram à Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) gastaram 36,4 mil milhões de dólares [31,2 mil milhões de euros] em pagamentos de dívida externa durante a pandemia, e apenas 10,9 mil milhões de dólares [9,3 mil milhões de euros] foram suspensos ou cancelados", lê-se numa nota enviada à Lusa no seguimento das reuniões do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, que decorreram nos últimos dias a partir de Washington.
"Os credores privados receberam o maior montante destes pagamentos de dívida, 14,9 mil milhões de dólares [12,8 mil milhões de euros], e suspenderam apenas 0,2% dos pagamentos", acrescenta-se na nota.
No total, foram 46 os países que aderiram à DSSI, incluindo todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), tendo garantido uma suspensão de pagamentos de dívida no valor de 10,3 mil milhões de dólares [8,8 mil milhões de euros] e mais 600 milhões de dólares (515 milhões de euros) de dívida foram cancelados pelos credores.
"Os credores privados suspenderam apenas 0,2% em pagamentos de dívida e receberam 14,9 mil milhões de dólares [12,8 mil milhões de euros] durante a pandemia, já que não eram obrigados a participar no processo de suspensão de dívida; as instituições multilaterais receberam 10,4 mil milhões de dólares [8,9 mil milhões de euros], apesar de o FMI ter cancelado 600 milhões de dólares, e os governos incluindo China, França e Arábia Saudita suspenderam 10,3 mil milhões de dólares, mas ainda assim receberam 11 mil milhões de dólares [9,4 mil milhões de euros]", aponta-se ainda no texto.
O problema, avisam, é que "estes 10,3 mil milhões de dólares que foram suspensos serão devidos em meados desta década, para além dos pagamentos que já eram devidos nessa altura, o que vai aumentar o volume de pagamentos e agir como uma tesoura sobre qualquer recuperação económica da pandemia".
Leia Também: AO MINUTO: 123 mil já levaram 3.ª dose; Homenagem às vítimas termina hoje