"Ainda que a subida da inflação dure mais do que o previsto, esperamos que desacelere durante o próximo ano", declarou Christine Lagarde, após a reunião do Conselho de Governadores que decidiu manter todas as medidas adotadas anteriormente para apoiar a economia.
"A subida da inflação reflete a combinação de três fatores", considerou, apontando "o forte aumento dos preços da energia", "o aumento da procura associado à reabertura da economia" e os efeitos da reposição do IVA na Alemanha (que foi reduzido no ano passado).
Segundo Lagarde, espera-se que "a influência desses fatores diminua ao longo de 2022".
"Continuamos a prever que a inflação a médio prazo permaneça inferior ao nosso objetivo de 2%", afirmou, reiterando que a subida das taxas de juro só terá lugar quando isso se verificar.
"Estamos absolutamente determinados a atingir esse objetivo, mas temos que fazer isso com base em dados. Devemos ser pacientes", acrescentou.
Na reunião de hoje, os membros do Conselho de Governadores passaram muito tempo a analisar a inflação e a examinar detalhadamente todos os fatores que a influenciam, indicou. O BCE vê a inflação cair para 1,5% até 2023, o que não é suficiente para decidir aumentar as taxas.
Nos últimos meses, registou-se uma aceleração na subida dos preços na zona euro e a inflação anual atingiu 3,4% em setembro.
Com a aproximação do inverno, têm subido os preços do gás e da eletricidade, ao mesmo tempo que aumenta a procura com a recuperação do pós-pandemia.
A subida da inflação tem suscitado preocupação nos mercados, mas o BCE tem afirmado que é preciso evitar "reações exageradas", num momento em que a recuperação da crise pandémica ainda prossegue e continua condicionada pela crise mundial nas cadeias de abastecimento.
"A escassez de materiais, equipamentos e mão de obra está a levar a uma desaceleração do setor de manufatura", disse Lagarde.
Segundo a presidente do BCE, a economia dos países da zona euro "continua a recuperar com vigor, mas a um ritmo mais moderado".
O Conselho de Governadores também observou que as taxas de juro no mercado subiram desde a reunião de setembro, mas considera que as condições de financiamento continuam a ser favoráveis para as empresas e famílias.
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