"Discutimos com o Governo a aposta na agricultura, que cria empregos e aumenta a segurança alimentar, o desenvolvimento das zonas rurais, debatemos a importância das cadeias de valor, da agroindústria e projetos para apoiar os agricultores a lidarem com as alterações climáticas", para além de outras áreas como o saneamento e as infraestruturas, disse Hafez Ghanem no final da vista a Angola.
"Entre agora e junho, vamos desembolsar 1,5 mil milhões de dólares [1,3 mil milhões de euros] para apoiar projetos nestas áreas", apontou o responsável durante a conferência de imprensa que marca o final da visita do Banco Mundial e da Corporação Financeira Internacional, representada pelo vice-presidente para África e Médio Oriente, Sérgio Pimenta.
Nas respostas aos jornalistas, Hafez Ghanem deixou vários elogios ao Governo, nomeadamente nas reformas lançadas pelo Executivo e desvalorizou a recessão, apontando que o abrandamento das economias é transversal a todo o mundo devido aos efeitos da pandemia.
Sobre o combate à Covid-19 em Angola, o responsável do Banco Mundial apontou Angola como um exemplo, lembrando que "já foram vacinadas 7 milhões de pessoas" e acrescentando ter "orgulho por ser parceiro do Governo porque em comparação com os vizinhos, está numa situação muito melhor".
Para o banco, concluiu, é também muito importante apoiar as mulheres: "Da nossa experiência em toda a África, melhorar a condição das mulheres leva a uma melhoria do capital humano, a um melhor crescimento económico e a uma redução da pobreza, por isso temos programas no valor de 5 milhões de dólares para apoiar 1 milhão de raparigas".
Para o português Sérgio Pimenta, dirigente do 'braço' do Banco Mundial para o setor privado, Angola "tem um enorme potencial, mas também grandes desafios que estão a ser tratados em conjunto com o Banco Mundial".
"Há boas perspetivas para um aumento do envolvimento financeiro, estou muito contente com esta visita, podemos desembolsar mais fundos e fazer mais assistência técnica, nas áreas das energias renováveis, telecomunicações, economia digital, enfim, há muita coisa que se pode fazer, embora alguns projetos precisem de reformas a nível governamental e mudanças regulamentares", disse Sérgio Pimenta, concluindo: "Vai haver grandes progressos e estamos otimistas sobre o desembolso de mais fundos em mais projetos".
Ao contrário do Fundo Monetário Internacional, que estima uma recessão de 0,7%, o Banco Mundial antevê que Angola regresse já este ano a um crescimento económico positivo, com uma expansão de 0,4% do PIB.
"Angola deverá crescer 0,4% em 2021 e 3,1% em 2022, depois de cinco anos consecutivos de recessão, mas o país ainda está a lutar para ganhar fôlego, com elevados níveis de dívida e um fraco desempenha da indústria petrolífera", lê-se no relatório "O Pulsar de África", divulgado em outubro no âmbito dos Encontros Anuais do Banco Mundial e do FMI.
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