João Bento falava à margem da sexta edição deste ano do CTT 'e-Commerce Day' [dia do comércio eletrónico], que decorreu no auditório do Pólo Tecnológico de Lisboa (Lispolis).
Esta greve "foi convocada vinda do nada, imediatamente a seguir a saber-se qual era o processo político em que iríamos entrar neste final do ano, princípio" de 2022, disse o gestor.
"Portanto, tem uma motivação exclusivamente política e está, na nossa opinião - os sinais que recebemos são nesse sentido - condenada a ter o mesmo sucesso que teve na última greve geral dos CTT, que foi um nível de adesão de 8%", salientou o presidente executivo dos Correios de Portugal.
Portanto, "aquilo que posso dizer aos portugueses é que não esperem perturbações de natureza alguma, sendo certo que as pessoas têm o direito de exercer os seus direitos políticos e constitucionais da maneira que entenderem", mas "considero que é profundamente infeliz fazê-lo quando isso é realizado por razões estritamente políticas, aliás o tema que está omnipresente nessas manifestações é sempre o tema da renacionalização dos CTT", concluiu João Bento.
Entretanto, os chefes de estação dos correios e responsáveis de distribuição tinham manifestado hoje "estupefação e total discordância" com a greve da próxima sexta-feira nos CTT, considerando que tem "motivações ideológicas e políticas" e apelando à não adesão dos trabalhadores.
"É com um sentimento de sentimento de estupefação e total discordância que a ANCEC [Associação Nacional dos Chefes de Estação dos Correios] e a ANRED [Associação Nacional de Responsáveis de Distribuição] encaram a greve geral convocada por algumas organizações sindicais, várias das quais afetas e filiadas da CGTP-IN, para o próximo dia 19 de novembro", sustentaram as associações socioprofissionais, em comunicado.
Criada em 1988 por profissionais da rede de atendimento dos CTT, a ANCEC tem como associados 220 gestores de estações de correios, que diz coordenarem uma atividade que envolve mais de 600 pessoas a nível nacional (continente e ilhas).
A ANRED foi constituída em 1994 por profissionais da rede de distribuição dos CTT, agregando os gestores dos centros de distribuição postal, os supervisores de distribuição, os técnicos e quadros superiores de organização postal, num total de mais de 500 associados que diz coordenarem uma atividade envolvendo mais de 6.000 pessoas a nível nacional (continente e regiões autónomas).
A Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans) anunciou em 29 de outubro uma greve dos trabalhadores dos CTT para 19 de novembro, contra "a destruição dos CTT", a "deterioração do serviço postal" e pelo aumento dos postos de trabalho e salários.
Para o mesmo dia foi ainda marcada uma manifestação nacional em Lisboa.
"Vamos lutar contra a destruição dos CTT que está a ser levada a cabo por esta administração, contra a deterioração do serviço postal, pelo aumento dos postos de trabalho, que é facto fundamental para prestar um serviço de qualidade, pelo aumento dos salários e pela manutenção dos direitos", referiu a Fectrans num comunicado então divulgado.
Segundo a federação, a paralisação e protesto pretendem atingir "salários justos e dignos" bem como a "admissão de trabalhadores efetivos" e a "alteração do modelo organizacional em todos os setores da empresa".
A Fetrans apela ainda a um "serviço postal com qualidade, assegurado pelo estado português" e protestou contra "o assédio e perseguição aos trabalhadores".
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