Esta é a mensagem que pretende levar numa visita a Lisboa na sexta-feira, menos de um mês após entrar em funções como o 693.º Lord Mayor, um cargo sem funções executivas que serve essencialmente como embaixador do centro financeiro londrino.
"Londres mantém-se aberta às empresas e instituições financeiras portuguesas e continua a ser a porta de entrada quando precisarem dos mercados internacionais, independentemente do 'Brexit'", afirmou, numa entrevista à agência Lusa.
Keaveny acrescentou que, "quer se trate de obrigações, um banco que quer titularizar uma carteira de créditos imobiliários ou seja o que for, temos aqui acesso a uma variedade de talentos e capital, fatores que são tão relevantes hoje quanto eram há dois ou dez anos".
Eleito anualmente, o Lord Mayor da City of London, bairro londrino também conhecida por 'Square Mile' por ter apenas uma milha quadrada de área, não deve ser confundido com o Presidente da Câmara Municipal, ou Mayor de Londres, Sadiq Khan.
A missão concentra-se na promoção do centro financeiro londrino, sobretudo no estrangeiro, pelo que hoje inicia uma viagem à Península Ibérica, com escala em Madrid e Lisboa.
Na capital portuguesa, vai encontrar-se com o ministro das Finanças, João Leão, intervir numa mesa redonda no ISEG sobre o papel do "financiamento verde" no cumprimento dos compromissos da cimeira climática COP26 e visitar a incubadora de 'startups' Fintech House.
Em Lisboa, o irlandês espera também reencontrar alguns "bons amigos" e conhecidos que acumulou ao longo de 25 anos como advogado de direito comercial para bancos e outras empresas.
Vincent Keaveny vê potencial na colaboração entre Portugal e Londres nas áreas do financiamento a empresas de tecnologia, ou 'fintech', e do "financiamento verde" para travar as alterações climáticas.
"Os mesmos custos de transição vão ter de ser estudados e financiados e, tal como com a inovação, o capital vai fazer parte da resposta para Portugal, tal como para o Reino Unido e o resto do mundo", explicou.
A "City" é a grande responsável por o Reino Unido ser líder mundial na exportação de serviços financeiros, à frente dos Estados Unidos e Suíça, movimentando anualmente 64.000 milhões de libras (75.600 milhões de euros).
É naquela área da capital britânica que estão sediados muitos bancos estrangeiros responsáveis por mais empréstimos bancários internacionais do que qualquer outro centro financeiro mundial.
O Reino Unido também oferece serviços marítimos, jurídicos, seguros e outro tipo de serviços financeiros, mas a saída da União Europeia (UE) resultou também no fim do acesso deste setor ao mercado único europeu.
A Comissão Europeia tem-se recusado a conceder ao Reino Unido o chamado estatuto de equivalência para o comércio de derivados financeiros.
Porém, acabou por conceder autorização temporária, até junho de 2022, para bancos da UE negociarem em Londres porque é onde funcionam as principais câmaras de compensação ('clearing houses').
Os dados conhecidos até agora indicam que a "City" perdeu trabalhadores e negócios para outros centros financeiros europeus, como Paris, Frankfurt ou Amesterdão, nos últimos anos, mas numa escala inferior à inicialmente prevista.
Porém, deverá levar algum tempo para perceber o impacto total do 'Brexit' e da pandemia covid-19.
O Governo britânico prometeu uma reforma da regulamentação dos serviços financeiros com o objetivo de tornar o Reino Unido mais atraente e competitivo.
Mas a 'City' continua a pressionar Londres e Bruxelas a entenderem-se para garantir o acesso ao mercado único.
Esta mensagem vai estar nas entrelinhas da visita a Lisboa, admite Keaveny à Lusa, que não esquece a histórica aliança luso-britânica, o mais antigo tratado diplomático entre dois países ainda em vigor.
"Se eu enfatizar as vantagens que a 'City' oferece aos bancos e empresas portuguesas, e isso for compreendido e reconhecido, então poderá ser um contributo positivo para as negociações ao nível superior na UE", disse.
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