"À medida que as taxas de juro sobem, a política orçamental terá de se ajustar, especialmente nos países com maiores vulnerabilidades na dívida", pode ler-se num texto hoje publicado no blogue do FMI, assinado pelo ex-ministro das Finanças português juntamente com os economistas Paulo Medas e Roberto Perrelli.
O FMI lançou hoje a sua atualização da base de dados da dívida mundial, que subiu 28 pontos percentuais (p.p.) para 256% do PIB mundial em 2020.
Os economistas do FMI consideram que há um "desafio crucial" que consiste em conjugar a política orçamental e monetária "num ambiente de dívida elevada e aumento da inflação".
"A política monetária está agora, corretamente, a mudar o seu foco para o aumento da inflação e das expectativas de inflação", considera a instituição sediada em Washington.
No texto hoje publicado, os economistas referem que, "apesar do aumento da inflação e do PIB nominal ajudar a reduzir rácios da dívida nalguns casos, isto não deve representar um declínio significativo na dívida".
"À medida que os bancos centrais aumentam as taxas de juro para evitar uma inflação persistentemente alta, os custos do crédito aumentam", assinalam.
O FMI relembra ainda que "os bancos centrais também estão a planear reduzir as suas grandes compras de dívida pública e outros ativos nas economias avançadas".
"Como esta redução se vai implementar terá implicações para a recuperação económica e para a política orçamental", advertem os economistas do FMI.
Segundo o fundo, "a história demonstra que o apoio orçamental vai tornar-se menos eficaz quando as taxas de juro responderem: isto é, mais despesas (ou menos impostos) terão menos impacto na atividade económica e no emprego e poderão fomentar pressões na inflação".
"É provável que as preocupações quanto à sustentabilidade da dívida se intensifiquem", pode ler-se no texto.
A instituição sediada em Washington considera ainda que "os riscos serão amplificados se as taxas de juro aumentarem mais rápido do que o esperado e o crescimento vacilar".
"Um aperto significativo das condições de financiamento iria aumentar a pressão nos governos mais endividados, famílias e empresas. Se os setores público e privado forem forçados a desalavancar simultaneamente, as perspetivas de crescimento vão sofrer", referem Vítor Gaspar, Paulo Medas e Roberto Perrelli.
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