"De forma taxativa digo que foi muito debatido e discutido [o problema da instabilidade no norte do país, alvo de ataques de terrorismo islâmico], mas existe uma enorme confiança no futuro de Moçambique. Só isso poderia justificar um investimento que é avultado naquele mercado", afirmou em entrevista à Lusa o administrador executivo que tem sob sua responsabilidade, além do planeamento e controlo, o acompanhamento das operações internacionais da Fidelidade.
Na opinião daquele responsável, Moçambique é um mercado "bastante emergente", que, tal como outros, onde o grupo segurador investiu e tem experiência, como alguns na América Latina, "acabam por trazer volatilidades no curto prazo, (...), que muitas vezes têm a ver com fatores económicos, sociais e políticos".
Mas, por outro lado, também dão "perspetivas de longo prazo que não encontramos noutros mercados, de crescimento, de penetração acrescida de seguro", acrescentou.
"Um ambiente competitivo saudável", que nos mercados desenvolvidos, já muito penetrados, não se encontra, referiu. "Andamos todos a lutar pela mesma parcela".
Portanto, "em Moçambique vemos, no longo prazo, um enorme potencial", frisou, realçando que, naquele país, "existe um conjunto de projetos, em particular na área energética e de 'commodities'".
Esses projetos já estão a acontecer, referiu, reconhecendo, porém, que alguns foram parcialmente suspensos por causa da instabilidade, causada pela situação de violência na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
Porque "quando vemos o que está a acontecer nos mercados energéticos, onde os preços das energias estão todos a disparar, ou das commodities, onde Moçambique teve um recorde em termos de vendas de ouro, em 2021, há espaço" para investir. Porque "cada vez se justifica mais a exploração em Moçambique, porque os preços estão em alta", sublinhou.
Neste contexto, André Cardoso salientou que a Fidelidade vê "com enorme confiança o desenvolvimento económico em Moçambique".
"Não ignoramos as volatilidades do curto prazo, sabemos que estão lá e existem, mas confiamos que, a longo prazo, há um potencial, e queremos estar preparados para responder da melhor forma, para aproveitar esse potencial", realçou.
Assim, o administrador da Fidelidade ressalvou que a génese da empresa tem por base o negócio de retalho de seguros. Mas, ao mesmo tempo, salientou que "a experiência Fidelidade é mais ampla", e "traz consigo 'know how' de trabalhar empresas".
"Portanto se pudermos servir, do ponto de vista de proteção, o mercado empresarial em Moçambique, não iremos dizer que não. Não partimos para esta operação [a de compra da maior fatia da SIM] apenas a pensar nisso, mas isso vai ter peso, naturalmente, porque acreditamos no desenvolvimento económico e com estes vem o desenvolvimento do tecido empresarial", concluiu.
Por tudo isto, o administrador não tenciona emagrecer a seguradora moçambicana: "se hoje teremos, após a fusão, 200 trabalhadores", se calhar "vamos precisar de mais colaboradores, porque o projeto é ambicioso".
Para o responsável da Fidelidade, "depois do resultado da integração", das estruturas das operações, a Fidelidade Impar, a nova empresa, pode realizar "35 milhões de euros de prémios", o que "para o mercado moçambicano já é muito interessante", traduzindo-se numa quota de mercado "perto dos 14%".
"Existe uma expectativa que é crescermos acima do mercado", resumiu André Cardoso.
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