Economistas esperam "continuidade" nas relações económicas luso-alemãs

O novo Governo alemão, que tomou posse há cerca de dois meses, deverá manter uma estratégia de continuidade nas relações económicas com Portugal, segundo os especialistas consultados pela Lusa, ainda que admitam uma ligeira redução do Investimento Direto Estrangeiro.

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Lusa
29/01/2022 10:32 ‧ 29/01/2022 por Lusa

Economia

Relações

 

"Não prevejo que haja uma modificação substancial da posição alemã em relação a Portugal", disse à Lusa o bastonário da Ordem dos Economistas, António Mendonça.

Também Ricardo Cabral, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa (ISEG), acredita numa "linha de continuidade em relação à política definida pelo anterior governo alemão".

Contudo, adverte que "a questão fundamental será o posicionamento do novo Governo da Alemanha em relação a eventuais alterações às regras orçamentais europeias (atualmente ainda suspensas) e à própria regra travão à dívida da Constituição da Alemanha".

Por outro lado, Ricardo Cabral alerta para que "a indústria da Alemanha está sob enorme pressão e é provável uma redução dos fluxos de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) da Alemanha [com Portugal]".

O economista disse, em declarações à Lusa, que o Governo alemão enfrenta "três grandes desafios muito mais importantes do que Portugal", entre os quais a estabilidade política interna, o diferendo entre a Rússia e os EUA e a estabilização macroeconómica da zona euro, depois da crise económica provocada pela pandemia.

"A nível das importações/exportações [entre os dois países], assumindo um cenário de consolidação da retoma económica sem novas crises, é provável que tanto as importações como as exportações continuem a crescer a taxas razoáveis", antecipa.

Ainda assim, António Mendonça, que é também professor catedrático do ISEG e foi ministro das Obras Públicas, considera que a evolução da relação económica entre os dois países "dependerá da atitude do Governo português e da sua capacidade de produzir projetos com coerência que sejam atrativos do ponto de vista do investimento, tendo em conta as prioridades definidas pelo Governo alemão".

O bastonário da Ordem dos Economistas admite que "alterações sempre existirão", mas defende que a evolução das relações económicas luso-alemãs irá depender "das dinâmicas relativas dos dois países e da capacidade do Governo e das empresas portuguesas de atraírem investimento".

"A Alemanha é, a par da Espanha e da França, um dos três principais parceiros comerciais de Portugal e tendo em conta a evolução previsível da economia portuguesa, deverá continuar a sê-lo. Não parece possível, a curto prazo, alterar significativamente a dinâmica relativa dos fluxos", refere.

António Mendonça considera que a um nível geral não deverão existir "modificações substanciais em resultado da entrada em funções do novo governo alemão", justificando que a Alemanha tem revelado ao longo dos anos "coerência e consistência estratégica", quer "no plano das opções macroeconómicas e da sua relação com o projeto de integração europeia, seja no plano de atuação das suas empresas".

 

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