Numa informação enviada durante a noite ao regulador do mercado de capitais espanhol no âmbito das medidas restritivas da UE em resposta à invasão militar da Ucrânia pela Rússia é sublinhado que o grupo Dia não é controlado por Mikhail Fridman, apesar de este estar na lista negra de pessoas próximas de Vladimir Putin que são visadas por estas sanções.
A nota explica que a cadeia de supermercados é controlada pelo fundo Letterone, que o magnata russo fundou, insistindo-se que não tem o controlo direto do fundo.
A União Europeia publicou na segunda-feira uma lista negra de personalidades consideradas próximas do Presidente russo e sancionadas por um congelamento dos seus bens e uma proibição da sua permanência na UE, devido à guerra de Moscovo contra a Ucrânia.
Numa carta aos empregados do seu fundo Letterone, publicada no domingo pelo Financial Times, Fridman tornou-se o primeiro oligarca russo a denunciar a guerra na Ucrânia como "uma tragédia".
"Esta crise vai custar vidas e devastar as duas nações que foram irmãs durante centenas de anos", escreveu, acrescentando que queria ver o fim do "derramamento de sangue".
Nascido em abril de 1964 numa família judia na cidade ucraniana de Lviv e licenciado numa universidade técnica de Moscovo, Mikhail Fridman tornou-se desde o fim da URSS num dos homens mais ricos do mundo, dirigindo um império que vai do petróleo e gás à banca, telecomunicações e comércio a retalho.
O seu fundo Letterone comprou a Dia em maio de 2019 através de uma oferta pública de aquisição, detendo 77,7% do capital da cadeia de supermercados.
O grupo - com quase 6.000 lojas em Espanha, Portugal, Argentina e Brasil - teve um volume de negócios de 6,64 mil milhões de euros no ano passado e um prejuízo de 257,3 milhões de euros, de acordo com os resultados anuais revelados hoje em Madrid.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e mais de 660 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
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