"Em Portugal, o valor de remessas recebidas é superior ao valor de remessas pagas", o que significa que "o saldo das remessas de Portugal é historicamente positivo", prossegue a informação que o banco central português disponibiliza no seu 'site'.
Em 2020, Portugal foi o país da União Europeia (UE) que apresentou o valor mais elevado de remessas recebidas (3,6 mil milhões de euros) e no ano passado esse montante foi superior, atingindo o seu valor mais alto dos últimos 20 anos: 3.677,7 milhões de euros.
Em termos dos países que mais contribuíram para este resultado histórico, a Suíça e a França destacam-se, como de costume, valendo mais de 2 mil milhões de euros em remessas enviadas para Portugal.
Os emigrantes portugueses na Suíça enviaram 1.051 milhões de euros durante o ano passado, ao passo que os emigrantes radicados em França enviaram 1.023 milhões de euros para Portugal, com o Reino Unido e Angola a ocuparem o terceiro e quarto lugares na lista dos maiores contribuintes de remessas.
Na sua dissertação para mestrado em Economia e Gestão Internacional (Faculdade de Economia da Universidade do Porto), o economista Marco Rodrigues de Sousa analisou o "Impacto das remessas de emigrantes nos países de origem", nomeadamente o caso português.
Neste trabalho, orientado por Maria Conceição Pereira Ramos, o autor apurou que a principal motivação dos inquiridos para o envio de remessas é o investimento ou empreendimento empresarial, até ao consumo pessoal.
A segunda motivação é o intuito de garantir à família um determinado conforto financeiro. Nenhum dos 85 inquiridos no âmbito deste estudo -- emigrantes em vários países, nomeadamente França, Suíça e Reino Unido - assumiu que envia remessas por se sentir "obrigado" via vínculos emocionais.
Sobre a aplicação das remessas, a maioria dos inquiridos respondeu que as aplica em lazer (52,9%), seguindo-se o investimento (essencialmente em construção e imobiliário) com 41,2% e por fim a aplicação em poupança (via essencialmente produtos bancários) com 38,8%. Em saúde e educação contabilizaram-se 8,2% de respostas.
O autor apurou ainda que atualmente uma "grande parte dos emigrantes ou não envia (31,8%) ou raramente envia (24,7%) remessas.
"No futuro, o peso das remessas de emigrantes na economia portuguesa poderá ser muito inferior comparativamente ao que foi nas últimas décadas", lê-se neste trabalho académico.
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