De acordo com a agência espanhola de notícias, a Efe, a Air Serbia, maioritariamente de capital estatal, duplicou o número de voos entre Moscovo e Belgrado, para 14 por semana, para satisfazer a crescente procura depois de a União Europeia ter proibido os aviões e as companhias aéreas russas de atravessar o seu espaço aéreo.
O Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, anunciou na televisão Pink que o seu país voltará a ligar as duas capitais apenas uma vez por dia, e que nem aumentará nem suspenderá as ligações entre Moscovo e Belgrado.
"Voltaremos a um voo por dia para que não possam dizer que ganhamos dinheiro graças ao sangue derramado", disse Vucic, acusando os que os criticam a Sérvia de fazerem uma "campanha" contra o país.
A declaração do Presidente da Sérvia surge depois de a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Emine Dzheppar, ter acusado a Air Serbia de ter duplicado os voos diretos para Moscovo quando todas as outras companhias cancelaram os voos e o espaço aéreo foi interdito às companhias russas.
"A Sérvia é a única na Europa com o céu aberto até à Rússia; fazer dinheiro à custa do sangue não é uma coisa digna de um país candidato à União Europeia", escreveu a governante no Twitter.
Na intervenção televisiva, o chefe de Estado da Sérvia fez uma referência velada à Turquia, criticando a duplicidade de critérios: "Por outro lado, ninguém critica aqueles que na Organização do Atlântico Norte (NATO), que estão em parte na Europa e em parte na Ásia, têm 30 vezes mais voos para Moscovo do que a Sérvia".
A Sérvia tenta manter as boas relações com a Rússia, um país que fornece energia, armas e apoio geopolítico na sua intenção de recuperar o Kosovo, que se declarou unilateralmente independente em 2008.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 564 mortos e mais de 982 feridos entre a população civil e provocou a fuga de cerca de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.