O CEO da Galp, Andy Brown, reconheceu, esta quarta-feira, que a petrolífera está a ganhar dinheiro, mas explica que não é nas margens dos preços dos combustíveis que está o crescimento do lucros, mas antes noutras operações, como a refinação.
"O mercado da energia está num estado de perturbação que nunca vi nos meus 35 anos de carreira. Mas sim, estamos a ganhar dinheiro e a guerra fez subir os preços", disse Andy Brown, em entrevista à CNN Portugal.
Relativamente aos preços dos combustíveis, que têm subido desde o início do ano, Andy Brown diz que a Galp não está a "lucrar aumentando os preços de forma oportunista". "Não fazemos assim, não é assim que agimos", afirma, acrescentando: "Temos um mercado aberto competitivo, em Portugal".
Já num encontro com jornalistas esta quarta-feira, em Lisboa, o presidente executivo da Galp defendeu que os preços da eletricidade ainda são uma preocupação, porque são determinados pelos do gás, que continuam altos, e felicitou os esforços dos governos português e espanhol para travar os preços.
Galp diz que limitar margens das gasolineiras não protege consumidores
O presidente executivo da Galp criticou hoje a limitação das margens dos comercializadores de combustíveis, cuja metodologia está em consulta pública, defendendo que pode levar a "deslocações" de postos que "podem não ser do maior interesse dos consumidores".
"Não acho que seja bom [limitar as margens]. Temos um ambiente aberto e concorrencial, competimos de forma transparente. Oferecemos aos clientes fidelizados bons descontos", disse o CEO da empresa, num encontro com jornalistas, na sede da Galp, em Lisboa.
Andy Brown realçou que o cálculo da margem é "muito complexo" e deu o exemplo de comunidades rurais que dependem de um único posto de abastecimento, onde a quantidade de combustível vendido é menor e, por isso, "o preço tem de ser um pouco mais alto".
"Quando se intervém no processo, criam-se deslocações que podem não ser do maior interesse dos consumidores. Recomendo que se pense bem nisto antes de se implementar, pela proteção dos consumidores", disse o responsável.
A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) pôs em consulta pública, até 23 de maio, a metodologia para a supervisão do sistema petrolífero que vai operacionalizar a lei do Governo que cria a possibilidade de fixação de margens máximas nos combustíveis.
Na prática, trata-se de uma proposta de metodologia para determinar os custos de referência de cada uma das etapas da cadeia de valor dos combustíveis simples e do GPL engarrafado - atividade de refinação, logística primária, incorporação de biocombustíveis e de comercialização - para poder determinar margens máximas nas várias componentes.
Questionado sobre os ganhos com o aumento dos preços dos combustíveis rodoviários, Andy Brown garantiu que a maior parte fica para os produtores de petróleo.
[Notícia atualizada às 14h36]
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