"Esta semana, a Polónia recusou-se a pagar os fornecimentos russos ao abrigo do novo decreto, em rublos. Anunciou solenemente que não vai precisar de gás russo e que não o irá comprar, mas, na verdade, não é este o caso", disse Sergey Kupriyanov à Interfax, citado pela agência noticiosa Efe.
A Gazprom suspendeu esta semana o fornecimento de gás à Bulgária e à Polónia por esta não ter feito os pagamentos em rublos, como exigido pelo Presidente russo, Vladimir Putin.
No final de março, Putin tinha dito que os clientes estrangeiros da Gazprom, "hostis à Federação Russa", deveriam pagar o gás importado em rublos, mas a maioria dos países da União Europeia, incluindo a Polónia e a Alemanha, não aceitou essa exigência.
Segundo Kupriyanov, após este corte, "a Polónia compra gás russo, mas agora na Alemanha, que recebe através do gasoduto Yamal-Europa através de fornecimentos de fluxo inverso".
De acordo com o porta-voz, este fluxo ascende a 30 milhões de metros cúbicos por dia, o que "quase corresponde aos pedidos feitos ao abrigo do contrato com a Gazprom".
Na quarta-feira, o Presidente polaco, Andrzej Duda, disse que o problema com o corte do fornecimento será resolvido "no quadro da cooperação na Europa".
Nesse dia, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, garantiu que a UE "está preparada" para o corte de gás russo, pois tem trabalhado "para assegurar entregas alternativas e os melhores níveis de armazenamento possíveis em toda a UE", tendo os Estados-membros estabelecido planos de contingência.
Andrzej Duda insistiu na intenção de a Polónia por termo à sua dependência dos combustíveis fósseis russos -- tanto de petróleo bruto, como de gás.
O gás russo representa cerca de 45% das necessidades da Polónia e tem as suas reservas em cerca de 75%.
Um novo gasoduto entre Polónia e Lituânia deverá entrar em funcionamento em breve, sendo que o 'gasoduto do báltico', que trará grandes quantidades de gás da Noruega, começará a operar em outubro.
Em comunicado, a Gazprom disse que notificou a empresa búlgara Bulgargaz e a empresa polaca PGNiG da "suspensão das entregas de gás a partir de 27 de abril e até que o pagamento seja feito em rublos".
A petrolífera estatal russa Gazprom já tinha avançado com a suspensão do fornecimento de gás à Bulgária a partir de hoje, no mesmo dia em que o primeiro-ministro búlgaro tem previsto um encontro com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Kiev.
A Bulgária juntou-se assim à Polónia, que também tinha anunciado que a Rússia iria interromper o fornecimento de gás a partir de hoje perante a recusa em fazer os pagamentos em rublos, como exige a administração da Gazprom, controlada por Moscovo.
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