O ministro da Promoção Comercial, Digital e Regulação Empresarial ('Trade Promotion, Digital and Company Regulation') realizou uma missão de dois dias em Portugal, na passada quinta e sexta-feira, acompanhado de 10 empresas, com o objetivo de incrementar as relações comerciais dos dois países.
Questionado sobre o efeito da guerra na Ucrânia no comércio, tanto na Europa como na Irlanda, Robert Troy reconheceu que esse impacto está a sentir-se em todo o lado.
Mas "o verdadeiro impacto está na perda de vidas, está no deslocamento de milhões de pessoas", enfatizou o ministro.
Do ponto de vista irlandês, os "últimos três anos" têm sido impactantes para o país, onde se inclui o Brexit, a pandemia e, mais recentemente, "uma guerra totalmente injustificada, não provocada, uma guerra que nunca deveria ter acontecido", salientou Robert Troy.
"E, obviamente, todos os esforços são para tentar trazer uma resolução, porque, sem dúvida, houve um impacto no comércio e esse impacto teve impacto em todos os países", prosseguiu o governante irlandês.
Robert Troy contou que viu "em primeira mão" encontros de refugiados que vieram da Ucrânia para o seu círculo eleitoral.
E nessa situação viu "o real impacto na vida", apontou.
Quanto à questão em particular do comércio, "obviamente há uma interrupção nas cadeias de abastecimento", referiu, salientando que a Ucrânia "foi o cesto de pão da Europa, em termos da produção que fornecia para o resto da Europa".
O ministro irlandês salientou que isto demonstra, "mais uma vez, a importância de ter uma política comercial aberta na perspetiva de cada país". Isto porque qualquer país que tenha uma política assim é "mais flexível a disrupções nas cadeias de abastecimento e tem capacidade de procurar outros mercados para diversificar" a cadeia de fornecedores, argumentou.
"Acho que é isso que precisamos fazer agora e neste momento de rutura", considerou.
Sobre o Brexit, Robert Troy afirmou que a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) "afetou mais a Irlanda do que qualquer país Europeu", mas depois veio a pandemia e agora uma guerra.
"Cada uma destas disrupções reforçou a necessidade de estar aberto ao comércio internacional" e de não ficar fechado a medidas protecionistas, procurando a abertura ao comércio para conseguir responder aos constrangimentos das cadeias de fornecimento e encorajando os países a terem uma visão estratégica, que pode passar também por começar a produzir produtos que historicamente importavam de outros países, afirmou.
"Por exemplo, na Irlanda, o nosso ministro da Agricultura incentivou alguns membros da comunidade agrícola a começar a cultivar colheitas que estaríamos a importar de outros países, porque obviamente há uma abertura e responsabilidade para responder à evolução da situação", referiu.
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