"Dos cerca de 90 hectares, disponibilizámos 87 para os agricultores. Vamos arrendar com uma prioridade: ser jovem e dedicar-se à produção de leite. Se esse critério não for atingido, passamos a outros agricultores", avançou, em declarações à Lusa, o titular da pasta da Agricultura nos Açores.
O executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) publicou hoje em Jornal Oficial uma resolução, aprovada em Conselho de Governo, em que "autoriza o arrendamento, por hasta pública, de seis prédios rústicos, propriedade da Região Autónoma dos Açores e afetos ao Serviço de Desenvolvimento Agrário do Faial, constituídos por 14 lotes, preferencialmente a jovens agricultores, na área da produção de leite, ou a jovens que pretendam candidatar-se ao prémio de primeira instalação nesta área".
Segundo António Ventura, a medida resulta de um levantamento que a tutela está a fazer de "inércias" e de "potenciais", "no âmbito da experimentação, da divulgação e da investigação".
"Chegámos à conclusão de que o Faial detinha uma manada de reprodutores da raça [bovina] Limousine que já tinha atingido o seu objetivo há vários anos", adiantou.
O governante disse que o efetivo da raça de carne Limousine estava numa área de 90 hectares na ilha do Faial, com o objetivo de serem vendidos reprodutores e genética aos agricultores da ilha, mas "há mais de 10 anos" que a genética dos bovinos dos produtores era "superior" à genética dos bovinos da administração regional.
"Sendo a genética mais baixa, o objetivo estava conseguido e era um peso morto e uma despesa", explicou.
Por outro lado, segundo o secretário regional da Agricultura, a ilha do Faial é uma das que necessita de aumentar a produção de leite e aqueles terrenos podem dar um contributo nesse sentido.
"A Cooperativa Agrícola de Laticínios do Faial (CALF) tem um problema, porque precisa de aumentar a quantidade de leite transformada. Precisamos de aumentar a produção de leite no Faial, para que a cooperativa comece a ter lucro", frisou.
O executivo vai manter "cerca de 10 hectares, para realizar experimentação e investigação na área da alimentação animal, com a introdução de novas espécies e desenvolvendo as que existem".
António Ventura disse que este não é um caso único e que a secretaria da Agricultura está a fazer um levantamento de outros casos semelhantes.
"Estou à espera dos relatórios finais, mas há mais casos em outras áreas, em que a secretaria da Agricultura e Desenvolvimento Rural tem um peso de despesa sem ser necessário e já sem funcionalidade atual e futura", afirmou.
A título de exemplo, o governante disse que foi criado um grupo de trabalho para "rever as funcionalidades dos serviços de desenvolvimento agrário em cada ilha", que "precisam de nova orientação e coordenação".
O objetivo, explicou, é libertar os técnicos da elaboração de candidaturas a apoios comunitários, para que possam dedicar mais tempo à experimentação e ao aconselhamento aos produtores.
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