"A inflação na zona euro está projetada em 6,1% em 2022, antes de cair para 2,7% em 2023", estima o executivo comunitário, nas previsões macroeconómicas de primavera, hoje divulgadas.
A instituição realça que, para o conjunto de 2022, "isto representa uma revisão considerável em alta em comparação com a previsão anterior de inverno de 2022, de 3,5%", divulgada em fevereiro passado, estando agora projetado um pico de 6,9% na taxa de inflação no segundo trimestre, "antes de desacelerar e fechar o ano em 5,2%".
A energia "continua a ser o principal motor de a inflação na zona euro", explica a Comissão Europeia, lembrando os "aumentos dos preços do petróleo e do gás", numa altura em que o preço do barril do Brent excedeu os 100 dólares (cerca de 96 euros) e os valores do gás natural ultrapassam os 100 euros/MWh, cinco vezes mais do que no primeiro trimestre de 2021.
Como na configuração do mercado energético da UE os preços do gás determinam os da eletricidade, a inflação da luz aumentou de taxas negativas no primeiro trimestre de 2021, para 34,3% no primeiro trimestre de 2022.
Entre os fatores que justificam esta revisão em alta estão então, de acordo com Bruxelas, o aumento dos preços da energia e dos produtos alimentares, bem como "uma série de estrangulamentos de abastecimento e logística, ambos originados pelo ajustamento induzido pela pandemia, mas exacerbados pelo surto da guerra".
Em concreto, de acordo com a Comissão Europeia, "a inflação alimentar é projetada para registar um aumento considerável no segundo trimestre [...], enquanto se espera que a inflação energética atinja o seu pico antes de moderar a partir daí".
Destacando que "os preços dos alimentos têm vindo a subir devido ao aumento dos custos dos fatores de produção e aos estrangulamentos de fornecimento", Bruxelas elenca ainda que estes registaram um acréscimo anual de 4,9% na zona euro e de 5,8% no conjunto da UE no primeiro trimestre de 2022.
As previsões surgem numa altura em que os preços na zona euro e na UE batem máximos devido aos constrangimentos das cadeias de abastecimento, recentemente acentuados com as tensões geopolíticas da guerra da Ucrânia.
A inflação é, por estes dias, mais acentuada no que toca aos preços energéticos, tendo os preços dos combustíveis fósseis (como o gás) disparado nas últimas semanas e alcançado os níveis mais altos da última década devido aos receios de redução na oferta provocada pela invasão russa da Ucrânia.
O gabinete estatístico da UE, o Eurostat, estimou, no final do mês passado, que a taxa de inflação homóloga subiu em abril para os 7,5% na zona euro, face aos 7,4% de março, e aos 1,6% do mesmo mês de 2021.
Esta foi a taxa mais elevada desde que há dados e quase o dobro do pico anterior registado em meados de 2008.
Numa estimativa rápida do Eurostat divulgada na altura, o Eurostat indicou que a inflação subiu impulsionada pelo preço dos combustíveis, que tiveram um aumento homólogo de 38%.
A taxa de inflação na zona euro e na UE tem vindo a acelerar desde junho de 2021 e a atingir valores recorde desde novembro.
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