"O turismo pode ser uma das áreas de excelência da diversificação da economia angolana em curso, pois é um setor onde o país tem um enorme potencial", afirma o Cedesa numa análise a que a Lusa teve acesso.
Mas na opinião da grupo de académicos, para existir turismo em Angola "devem ser proporcionadas condições de investimento", o que considera estar a ser feito, mas também "infraestruturas adequadas em termos físicos e de fácil deslocação". Um trabalho que deve ser desenvolvido de forma tripartida entre o Estado, entidades privadas e comunidades locais.
Para que essa aposta avance, o centro de pesquisa sobre Angola defende que "no curto prazo" o país crie "zonas especiais de turismo [ZET] que funcionem como experiências-piloto" da promoção do setor.
"Zonas que congregarão hotéis, restaurantes, animação local, segurança e fáceis acessos", específica, e nas quais serão eliminados os vistos para turistas.
"Estas zonas teriam tratamento fiscal privilegiado e devia-se contemplar a eliminação de vistos para quem fosse para lá até 15 dias" em turismo, afirma.
Assim, "os turistas estrangeiros dos mercado-alvo que se deslocassem para as ZET por um prazo máximo de 15 dias em turismo bastar-lhes-ia apresentar bilhete de avião de volta e comprovativo da reserva em alojamento turístico", lê-se no documento.
Quanto aos lugares onde poderiam ser criadas as ZET, o documento, não sugerindo diretamente quais, acaba por indicar, no entanto, alguns locais por excelência para a atração de turismo.
"Angola tem inúmeros pontos turísticos, entre os quais podem-se destacar os parques nacionais da Kissama e Iona, Quedas de Calandula, do Ruacaná, Mussulo, Miradouro da Lua ou o Rio Zambeze", refere o grupo de analistas.
Nestes locais "é possível promover o desenvolvimento de hotéis e estâncias balneares turísticas destinadas a veraneantes em algumas das áreas especificamente destinadas ao turismo de sol, mar e areia como Cabo Ledo a 120 quilómetros de Luanda no concelho da Quiçama, que tem 2.000 hectares de enorme beleza e é um local potencial para o surf mundial, assim que os processos de vistos sejam facilitados", acrescenta.
"Outra alternativa voltada para o turismo de natureza é Calandula, Malanje, que possui as cascatas mais impressionantes de Angola e é o segundo maior da África com 150 metros de altura e 401 metros de largura. Uma área de 1.978 hectares de vegetação infinita e cascatas a perder de vista e que tem um enorme potencial de investimento turístico: alojamento turístico, restauração, animação, golfe e casinos", indica-se.
Depois da entrada em funcionamento das ZET, na opinião do grupo de académicos, Angola deveria estender os seus resultados a todo o país.
E na opinião do Cedesa só "a médio prazo deve ser desenvolvida uma estratégia nacional de turismo" em Angola.
"Não se consegue no curto-prazo criar uma infraestrutura nacional completa para o turismo", aponta-se.
"Há que haver pragmatismo e realismo nas abordagens políticas de promoção do turismo num país em que este tem sido quase inexistente. É nesse sentido que a melhor solução deve ser dupla e com prazos diferentes", lê-se na análise.
Quanto aos mercados-alvo para o turismo do país, o Cedesa não tem dúvidas de que "serão a Ásia e a Rússia", após uma solução da guerra com a Ucrânia. Para além destes, o mercado angolano também poderá atrair os turistas ecológicos ou aventureiros da Europa, considera.
Para que isso aconteça é preciso também que Angola remova "diversos obstáculos" e crie "condições adequadas".
Assim, aponta dois eixos essenciais. "O primeiro é a criação de condições propícias ao investimento no setor turístico, isto implica a revisão da lei de investimento que já ocorreu, a retirada de barreiras de entrada no mercado e a facilitação de crédito bancário para novos projetos", advoga-se.
O segundo eixo "é de natureza infraestrutural e obriga a criar uma rede de transportes, estradas, aviões e barcos adequada, bem como um clima de segurança criminal, além da facilitação de vistos turísticos", acrescenta do documento do Cedesa.
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