"A Europa na minha opinião devia olhar para África. A África tem imenso gás", disse Akinwumi Adesina na sexta-feira ao final do dia, na conferência de imprensa de encerramento dos encontros anuais do Banco Africano de Desenvolvimento, que decorreram esta semana em Acra.
O banqueiro respondia a uma pergunta dos jornalistas sobre a ironia de a Europa ponderar recorrer ao gás africano quando em novembro, na cimeira do clima de Glasgow, 39 países e agências de desenvolvimento prometeram parar o financiamento de projetos de combustíveis fósseis no exterior.
A decisão tem sido criticada pelos países africanos, que argumentam que o gás é o mais limpo dos combustíveis fósseis e tem um papel essencial na transição energética no continente.
Na resposta, Adesina lembrou que a União Europeia depende da Rússia em 45% das suas importações de gás, o que mostra "a fraqueza da sobre-concentração do abastecimento de uma região em um país".
Recordou por isso que em África não faltam fontes de gás: "O Gana tem depósitos, a Costa do Marfim acaba de encontrar gás, o Senegal tem gás, Angola tem gás (...), Moçambique tem tanto gás que no BAD estamos a trabalhar com parceiros para ajudar a conseguir o projeto de gás liquefeito de 24 mil milhões, que tornará o país o terceiro maior fornecedor de gás liquefeito do mundo".
Reiterando que o BAD está comprometido com a transição energética e com energia renovável -- "86% do nosso investimento em geração de eletricidade vem de energias renováveis" -- Adesina sublinhou que "o gás natural é fundamental para a segurança energética" do continente.
O presidente do banco lembrou, no entanto, que é preciso construir o gasoduto transaariano que vai ligar África à Europa via Argélia.
"Precisamos de infraestruturas de gás, não só para exportar, mas também no continente. Vejo como uma prioridade que África se torne um mercado que pode fornecer gás à Europa, mas temos de garantir que temos a infraestrutura", concluiu.
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